MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 17 de abril de 2021

Entenda como fica o xadrez eleitoral com Lula apto a se candidatar em 2022

 


O peso da presença do ex-presidente na próxima eleição pode ser medido em números.

Tribuna da Bahia, Salvador
17/04/2021 06:00 | Atualizado há 13 horas e 0 minutos

   
Foto: Monique Renne

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de anular as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no âmbito da Lava Jato e, assim, devolver os direitos políticos do petista é a senha para recolocá-lo no jogo político-eleitoral. A decisão, que reconfigura o tabuleiro político, tem impacto direto na eleição de 2022, ao passo que habilita Lula a disputar a Presidência da República, como principal antagonista ao presidente Jair Bolsonaro, que tentará a reeleição. 

Os efeitos imediatos da decisão da Suprema Corte, por 8 a 3, indicam para uma espécie de antecipação da campanha presidencial, com chances de reedição da polarização de 2018, entre petismo e bolsonarismo. O duelo entre Lula e Bolsonaro cria ainda uma pressão sobre o centro político, que se articula na tentativa de definir um nome como representante da chamada terceira via. A retomada dos direitos políticos do ex-presidente também tem potencial de estreitar a raia para a corrida eleitoral, diminuindo o número de candidatos na campanha presidencial. 

Grande parte da pressão que a potencial candidatura de Lula em 2022 joga sobre os demais nomes da disputa vem do fato de que ele, a um ano e meio do pleito, aparece entre os líderes das pesquisas. Ou seja, o peso da presença do ex-presidente na próxima eleição pode ser medido em números. 

Pesquisa da XP/Ipespe, divulgada em abril pelo Estadão, mostra Lula e Bolsonaro tecnicamente empatados. No entanto, a simulação demonstra que o petista desponta numericamente à frente do atual presidente, com 29% das intenções de voto, ante 28% de Bolsonaro. 

Em levantamento anterior realizado pelo instituto, Lula contava com 25% das intenções de voto, contra 27% de Bolsonaro. Ainda segundo a pesquisa, nomes como Sérgio Moro e Ciro Gomes (PDT) contam cada um com 9% das intenções de voto. 

Na avaliação da doutora em Ciência Política Carolina Botelho, que é pesquisadora no SCNLab/Mackenzie e Doxa/Iesp/UERJ, a vantagem de Lula apontada nas pesquisas pode ser explicada pela rejeição ao governo de Bolsonaro e pelo afastamento temporal dos erros cometidos nos governos do petista. “Passa pela memória das coisas ruins do governo Lula serem enterradas pelas decisões do STF sobre a Lava Jato e porque a população não tem o Lula como presidente há muitos anos. Em contraponto, tem Bolsonaro sendo omisso diante da pandemia e o aumento do desemprego, por exemplo.” 

O dado apontado na pesquisa, de que a eleição pode se concentrar em torno dos dois nomes, é reforçado pela opinião do cientista político José Álvaro Moisés, de que assim como foi no pleito de 2018, a próxima eleição presidencial deve girar em torno de dois polos: Lula e Bolsonaro. 

“Bolsonaro e Lula aparecem como polos contrapostos em lutam pelo poder. A novidade, agora, é que em face da tragédia humanitária associada com o desempenho de Bolsonaro diante do coronavírus, a métrica da polarização se volta para a inevitável comparação de virtudes e vícios dos dois governos e, nesse sentido, apesar dos processos de Lula, o cenário de mais de 350 mil vítimas da   Covid-19 não deixa Bolsonaro em posição confortável”, observou o professor sênior do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) em análise publicada no Estadão. 

O vácuo de liderança deixado por Bolsonaro na condução da pandemia é justamente o espaço que Lula busca ocupar neste momento. Em entrevista na última quinta-feira, 15, o petista afirmou que não quer “discutir as eleições em 2021”. Segundo disse — em tom de campanha —, o momento é de “discutir a vacina para o povo brasileiro”, “auxílio emergencial para os milhões de brasileiros que estão passando fome”, “política de crédito para os pequenos e médios empresários” e “política de investimento em setores públicos para reativar a economia brasileira”. O discurso contrasta frontalmente com as posições de Bolsonaro na condução da pandemia. 

Para o cientista político e membro do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Fernando Guarnieri, Lula acerta ao apostar em um discurso “neutro”, mas é preciso mais do que isso para tentar fugir da polarização em busca de uma frente ampla. 

“É um discurso ideologicamente neutro. Ele só está falando de uma competência de gestão de crise, de condução da Presidência da República. Isso consegue chegar a mais gente. Parte do mercado aplaudiu, o pessoal mais de centro tem gostado dos discursos dele. Mas se isso é suficiente para organizar uma frente ampla, acho que não basta. Precisa ainda do compromisso com a economia, toda a crítica que a centro-direita fez aos governos do PT”, cita. 

Fonte: Estadão Conteúdo 

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