A
velocidade com que o novo coronavírus está matando no Brasil pode levar
o país a registrar, em 2021, o primeiro ano da história em que o número
de mortes superou o de nascimentos. O alerta é feito pelo médico Miguel
Nicolelis, em artigo publicado no Correio. Ele diz que, desde o início
do ano, a diferença entre nascimentos e mortes vem caindo no país. Em
fevereiro, foram registrados 200.034 nascimentos e 121.559 óbitos (por
covid-19 e outras causas), resultando em uma diferença de 78.475
habitantes acrescentados à população. Em março, essa diferença caiu para
47.047 — foram 220.302 nascimentos e 173.255 mortes. “Isso quer dizer
que, se o número de mortes por covid-19 e outras causas continuar a
subir, o Brasil pode viver o primeiro momento de sua história em que as
mortes superaram os nascimentos de novos cidadãos. Tal tendência ilustra
a magnitude profundamente épica do impacto da covid-19 no país”,
escreve o médico. Levantamento da Universidade de Washington, nos
Estados Unidos, aponta que, somente em abril, quase 100 mil brasileiros
terão as vidas ceifadas pelo novo coronavírus. E o quadro tende a se
agravar quanto mais tempo o governo demorar para pôr em prática um plano
consistente de vacinação em massa. Segundo o Instituto de Métricas e
Avaliação em Saúde (IHME, na sigla em inglês), da Universidade de
Washington, o Brasil registrará 95.794 mil mortes por covid-19 no mês de
abril. Com isso, o país chegará a 421.353 mortes no dia 30 de abril.
Pelo levantamento, no pior dos cenários, o Brasil pode chegar a 422.074
mortes; no melhor, a 418.950 óbitos. Até agora, são mais de 325 mil
vidas perdidas. Para Nicolelis, “dentro deste festival de horrores”,
existe o consenso nos meios científicos de que o Brasil precisa tomar
três medidas urgentes para tentar conter a crise sanitária. Primeiro, um
lockdown nacional. Segundo, reduzir o trânsito de pessoas em trens,
ônibus e aviões. Terceiro, vacinar entre 2 milhões e 3 milhões de
pessoas por dia. Nada disso, porém, está no radar até agora.
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