*Por Cassio Bariani, CEO da SmartBrain
Um fenômeno diferente está acontecendo em 2020 no setor de fundos de investimentos. Os três maiores bancos privados do país - Bradesco, Itaú Unibanco e Santander, tiveram captação negativa nos seus fundos, o que significa mais resgates do que aplicações, respectivamente, -R$ 52,02 bilhões, -R$ 46,98 bilhões e -R$,4,46 bilhões no acumulado do ano até o final de julho, segundo dados da Anbima.
O que chama a atenção em relação a essas três instituições é o maior volume de saques nos fundos de renda fixa. Mas considerando as outras duas categorias, fundos de ações e os multimercados, a performance ficou mais no azul. O Itaú que foi melhor, teve captação positiva de R$ 3,76 bilhões em fundos de ações e de R$ 6,45 bilhões em multimercados. O Santander teve fluxo positivo de R$ 930 milhões em fundos de ações e de R$ 14,4 bi em multimercados e o Bradesco, teve entrada líquida de R$ 1,05 bi em fundos de ações, e ficou com captação negativa em multimercados.
Esse recuo das gestoras dos bancos privados pode ser explicado por uma série de fatores. Levando-se em conta os saques de renda fixa, podem ser por necessidade de uso de reserva de emergência pelos investidores ou mudanças para aplicações em CDBs dos próprios bancos que têm oferecido taxas atrativas, além de serem alternativas que possuem a cobertura do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) de até R$ 250 mil por CPF por instituição – lembrando que os fundos não tem essa garantia. Houve ainda uma expressiva transferência da renda fixa para a renda variável, em um cenário de Selic em menor patamar e necessidade de alternativas que ofereçam melhores performances - nestes casos, há muitas gestoras de recursos independentes que tem se destacado pelo track record e por equipes de analistas e gestores com currículos e base de conhecimento de alta qualidade.
Os números são claros e demonstram, que de forma geral, está mesmo acontecendo no mercado um aumento da procura por fundos de gestoras independentes.
Este ano até 30 de setembro, enquanto o número de cotistas dos cinco maiores bancos do país cresceu 5,6%, nas gestoras independentes, o avanço do número de investidores foi de 35,1%, de acordo com um estudo da Economatica.
A força das gestoras de recursos independentes
Os gestores independentes são muito especializados em determinadas estratégias e tipos de ativos, diferentemente do que até pouco tempo ocorria nas tradicionais instituições financeiras, que vinham fazendo a gestão de todos os tipos de produtos. Logicamente que, devagar isso vem mudando, os grandes bancos têm investido pesado em novas equipes de gestores para oferecer produtos diferenciados. Porém, os próprios bancos contribuem para o crescimento do segmento independente, ao colocarem à disposição nas suas prateleiras uma quantidade cada vez maior de fundos de terceiros, enfrentando a concorrência das corretoras e robô-advisors.
Especialmente nos últimos anos, o movimento de desbancarização - o boom das plataformas digitais de investimentos, ampliou a capilaridade de distribuição dos produtos das gestoras independentes, além de facilitar a divulgação em sites, na imprensa e nas redes sociais. Há gestores de fundos ficaram famosos e até se tornaram influencers na área de investimentos. Existem vários expoentes, feras do mercado, com currículos de alta qualidade e track record de sucesso.
No acumulado do ano até o final de setembro, conforme dados da Anbima, podemos citar algumas gestoras independentes que tiveram captações líquidas positivas significativas como a Ibiuna Investimentos, especializada em multimercados e fundos de ações, onde aplicações superaram os resgates em R$ 6,87 bilhões. A Claritas, com forte atuação em multimercados, teve captação líquida de R$ 3,91 bilhões. Com foco em ações, a Constellation, o fluxo positivo foi de R$ 2,5 bilhões.
Outras que se destacam são a Occam, com entrada líquida de R$ 2,46 bilhões, a Vinci (R$ 2,37 bilhões), a Equitas (R$ 2,24 bilhões), a Dahlia (R$ 2,11 bilhões) e a Vitreo (R$ 1,5 bilhões)
Com os maiores patrimônios líquidos atualmente, destacam-se as gestoras Verde, conduzida por Luis Stuhlberger, a SPX, que tem como sócio o Rogério Xavier, entre outras.
A competição entre as gestoras de recursos está bastante acirrada e há inúmeros fundos no mercado. Mas assim como em qualquer outro segmento, é preciso saber separar o joio do trigo, encontrar as que desenvolvem bom trabalho. Por isso, com a ajuda de um assessor ou um consultor de investimentos, faça análises quantitativas e qualitativas para escolher os mais adequados para a sua carteira.
Felipe Gueller
felipe@viniciuscordoni.com
(11) 96911-2572
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