A
banana é uma fruta tropical, tipicamente conhecida no mundo inteiro,
que possui seu sabor associado a diversos tipos de consumo e sua imagem
está presente no imaginário da população, seja em pinturas, em desenhos,
roupas ou até mesmo acessórios. Entretanto, uma estudante do ensino
médio do Instituto Federal da Bahia (Ifba), Raphaella Gondim, decidiu
transformar o fruto em algo inusitado: um biocombustível. Ela, que faz
parte do curso técnico integrado de Química, encontrou em propriedades
da polpa da banana da prata, um potencial para transformar a biomassa em
etanol e, a partir daí, criar um combustível sustentável. Raphaella
explica que o trabalho vai associar dois fatores importantes, que são o
reaproveitamento de uma biomassa que seria descartada e a produção de um
bioetanol que emite menos gases de efeito estufa, pois o mesmo é obtido
a partir de uma matéria-prima alternativa à cana-de-açúcar.
“Nosso maior desejo, meu e do meu grupo de pesquisa, é que haja a
produção de um trabalho que beneficie a sociedade devido aos fatores de
sustentabilidade”, disse, ao relembrar que a inspiração para desenvolver
este projeto surgiu durante as pesquisas sobre a produção de bioetanol.
“Fiquei curiosa sobre como funcionavam as etapas de produção desse
biocombustível, e percebi que o mesmo pode ser produzido a partir de
diferentes biomassas, então comecei a pesquisar sobre possíveis opções e
percebi o grande potencial das bananas como matéria-prima para a
produção do etanol. Esse potencial se deve tanto às altas taxas de
açúcares na fruta, como às altas taxas de perda e desperdício da mesma”.
De acordo com a pesquisadora, o diferencial desse estudo é que ele
apresenta não só vantagens ambientais, como também vantagens econômicas,
visto que o projeto não necessita de custos com a aquisição da
biomassa, uma vez que a mesma seria descartada. “Além disso, uma das
nossas hipóteses é que o etanol obtido da banana apresente vantagens no
rendimento quando comparado ao etanol da cana-de-açúcar. Os benefícios
além de ambientais tornam-se também econômicos, pois esperamos que o
“Bananol”, nome que batizamos o produto, apresente um melhor
custo-benefício quando comparado a outras opções e, assim, possa ser
utilizado amplamente pela população, que costuma evitar o produto devido
ao alto custo comparado à gasolina”, destacou. Em números, Raphaella
almeja alcançar uma redução de aproximadamente 47,59% nas emissões de
dióxido de carbono, o principal causador do aquecimento global, quando
comparado ao etanol da cana-de-açúcar. Segundo ela, esta diminuição
deve-se à falta do uso de cal e de fertilizantes, juntamente com a falta
da queima do canavial e do palhiço – prática muito comum na produção da
cana-de-açúcar. “Devido à pandemia, estamos em fase inicial. Até o
momento foram realizadas atividades que não necessitavam da utilização
do laboratório de química e de toda sua infraestrutura. Dessa forma,
daremos andamento à metodologia planejada assim que possível”, finalizou
a estudante.
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