O Twitter vive na porta do fórum se oferecendo para banir perfis que
carimba como “fascistas”. Quanto ao caçador "Sleeping Giants", silêncio.
J. R. Guzzo para a Gazeta do Povo:
O Twitter aprendeu depressa como são as coisas no Brasil; está sempre
do lado certo da contradição social. Uma juíza do Rio Grande do Sul,
por solicitação de um órgão de imprensa, determinou uns dias atrás que a
rede informasse a identidade e outros dados cadastrais da página
"Sleeping Giants”, que se dedica a denunciar o que considera “fake news”
entre os seus usuários. Determinou, também, a exclusão desse perfil.
"Fake news"? O que os responsáveis pela página realmente fazem é
pressionar para que empresas que anunciam em sites considerados por ela
como sendo de “direita” retirem seus anúncios dali; chamam a isso de
“desmonetização”, ou seja, querem privar de suas fontes de renda os
denunciados em sua lista negra. O Twitter disse que não vai cumprir a
determinação judicial. Está recorrendo à instância superior.
Por que será? O Twitter vive na porta do fórum se oferecendo para
banir perfis que carimba como “fascistas”. Precisa de alguma coisa,
meritíssimo? É só pedir – e muitas vezes nem é preciso pedir nada. Mas
quando se trata de perfis “de esquerda”, ou “antifascistas”, ou de
“resistência”, a rede faz o exato contrário. Ela age assim porque não é
boba.
Quando olha para os galhos que estão na parte de cima do Judiciário, o
Twitter vê o ministro Alexandre Moraes, do STF, tocando há um ano e
meio um inquérito 100% ilegal contra quem ele acha que está espalhando
“fake news” nas redes sociais; tudo gente de “direita”, “extremista” e
contra a “democracia”, exatamente a turma de quem o “Sleeping Giants”
não gosta.
Também vê, sentada num galho ao lado, a ministra Cármen Lúcia,
recém-chegada ao ”campo progressista”, proibindo o Ministério da Justiça
de buscar informações sobre funcionários públicos suspeitos de praticar
atos de bandidagem de “esquerda”. O Twitter soma dois com dois e tira
as suas conclusões.
O mesmo STF mandou desfazer a ação em torno de um jornalista que
escreveu há pouco o seguinte: “Eu quero que o presidente Jair Bolsonaro
morra”. Tudo bem, porque é questão de ponto de vista; cabe aos leitores,
e não à Justiça, julgar o que ele fez. Pela lógica, então, o STF, o
“Sleeping Giants” e o Twitter deveriam deixar em paz quem pensa na
direção contrária. Mas não é assim que funciona, não é mesmo? No Brasil
de hoje quem não é “antifascista” não é ninguém.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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