Conviver com Gilmar Mendes faz mal à cabeça. Augusto Nunes:
Se ainda fossem garotos, e morassem em casas próximas, os marmanjos
hoje instalados no Supremo Tribunal Federal não escapariam do conselho
repetido por mães, tias e avós: "Não ande com aquele menino dos Mendes.
Não é boa companhia". Como todos já passaram da meia-idade, agora é
tarde para avisar que a convivência contagiosa com Gilmar Mendes deixa a
cabeça muito pior.
Dias Toffoli e Alexandre de Moraes viraram discípulos dele desde a
chegada ao STF. Toffoli passou a acreditar que "não haveria combate à
corrupção se não fosse este Supremo". Moraes resolveu aplicar a pena de
morte a tudo que lhe pareça mentira. O decano Celso de Mello só
recentemente virou amigo de infância de Gilmar. Já enxerga no Brasil a
versão tropical da Alemanha nazista.
Ricardo Lewandowski sempre foi mais prático: pergunta a Gilmar como
deve votar — e obedece. Duas ou três trocas de ideias com o Maritaca de
Diamantino bastaram para que Luís Roberto Barroso afirmasse em inglês
que o STF deve impedir que a democracia se renda ao ditador Jair
Bolsonaro. E dois ou três jantares com o superjuiz convenceram Cármen
Lúcia de que o país está submetido a um desgoverno.
O mentor dessa turma toda tem o dom da onipresença. Num mesmo dia,
ajuda Celso de Mello a decretar a demissão de Bolsonaro, prepara com
Lewandowski a anulação das condenações de Lula e examina com Moraes a
melhor maneira de burlar a Constituição para manter Rodrigo Maia e Davi
Alcolumbre no comando do Congresso.
A epidemia que devasta o STF se espalha com menos velocidade que a pandemia de coronavírus. Mas parece não ter cura.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
Nenhum comentário:
Postar um comentário