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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

MDB escolhe Renan e mantém favoritismo ao comando do Senado

BOCÃO NEWS
[MDB escolhe Renan e mantém favoritismo ao comando do Senado]
01 de Fevereiro de 2019 às 06:10 Por: Jane de Araújo/Agência Senado Por: Folhapress
Em decisão chave para a mais disputada eleição desde a redemocratização, com até dez candidatos, o MDB indicou o nome de Renan Calheiros (AL) para a presidência do Senado. O senador alagoano, que tentará comandar a Casa pela quinta vez, derrotou nesta quinta (31) Simone Tebet (MS) na votação interna do partido, por 7 votos a 5. Tebet, que cogitava disputar como candidata avulsa, recuou.
Apesar do favoritismo de Renan, o terreno é instável para sessão que começa na tarde desta sexta (1º). Além do Senado, os deputados federais também decidirão quem será o chefe da Câmara.
Fora do governo e sem ter conseguido reeleger nomes como o atual presidente do Senado, Eunício Oliveira (CE), e o presidente da sigla, Romero Jucá (RR), o MDB tem nesta eleição sua principal perspectiva de manutenção de poder.
Há 24 anos no Senado, Renan já presidiu a Casa quatro vezes. Até entrar na reunião da qual saiu vitorioso, negava estar disputando qualquer cargo. Queria aparecer já ungido pela bancada. "Nunca postulei candidatura porque sempre tive a compreensão de que a bancada majoritariamente que vai escolher. Quem vai falar primeiro é a bancada. Vamos aguardar", afirmou ao chegar para o encontro.
Mas, nos bastidores, Renan vinha fazendo campanha desde o final de 2018. Para diminuir a resistência do governo de Jair Bolsonaro a ele e tentar mostrar sintonia com a onda de renovação que marcou as eleições de outubro, criou dois personagens: o "Renan velho", um "sobrevivente" e de perfil "estatizante" e o "Renan novo", um "liberal", nas palavras dele, defensor das reformas prioritárias do ministro Paulo Guedes (Economia).
O presidente, que está internado em São Paulo em recuperação de uma cirurgia, ligou para parabenizar Renan pela vitória contra Tebet. O senador alagoano tem a seu favor a habilidade política e a postura firme na defesa dos seus pares diante da Justiça e do Ministério Público.
Contra ele pesa a pressão popular que cobra renovação e levanta bandeira anticorrupção. O senador tem no currículo 18 inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal), nove deles arquivados.
Além de Renan, disputam o comando da Casa Davi Alcolumbre (DEM-AP), Major Olímpio (PSL-SP), Alvaro Dias (PODE-PR), Angelo Coronel (PSD-BA), Esperidião Amin (PP-SC), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Regguffe (sem partido-DF). O senador Fernando Collor (AL), que nesta semana trocou o PTC pelo Pros, não admite candidatura, mas é dado como candidato por outros senadores.
A sessão promete ser tensa, com a apresentação de ao menos três questões de ordem que problematizam se a votação será aberta ou fechada, se pode haver segundo turno e se Alcolumbre, único remanescente da Mesa Diretora anterior, pode presidir a votação mesmo sendo candidato.
Opositores de Renan cogitam, inclusive, esvaziar a sessão para adiar a votação. Vencida por Renan, Tebet apostava na onda de renovação, que garantiu a reeleição de apenas oito senadores.
Mas ela começou a dar sinais de fragilidade depois que foi derrotada na bancada, no início da semana, ao defender o voto aberto.
Na manhã de quinta, Tebet foi pressionada a trocar o MDB pelo Podemos para garantir o apoio de outras legendas que resistem a formar aliança com o partido de Renan. Mas, no fim da tarde, ela decidiu continuar no partido ao qual é filiada desde 1997. Uma eventual mudança jogaria por terra seu discurso de que disputava para garantir que a maior bancada da Casa continuasse na presidência.
A disputa pelo comando do Senado coloca em lados opostos as equipes política e econômica do governo Bolsonaro. Se para o Ministério da Economia Renan tem maior poder de negociação para viabilizar as reformas estruturais, para a Casa Civil Alcolumbre tem uma postura mais alinhada à pauta governista.
A queda de braço tem ocorrido em caráter reservado, já que o presidente ordenou à sua equipe que não coloque suas digitais na disputa legislativa. O distanciamento busca evitar a possibilidade de retaliações futuras.
Com o favoritismo do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a disputa na Câmara tem até agora seis candidatos. O pleito começará às 18h, após a posse dos novos deputados pela manhã.
Maia conseguiu arregimentar em torno de si boa parte das siglas da Casa, incluindo o centrão, que reúne bancadas expressivas, e o PSL de Bolsonaro. Mesmo na oposição, partidos como o PC do B não descartam voto no atual presidente da Casa.
Nesta quinta, quatro siglas de esquerda (PT, PSOL, Rede e PSB) fecharam um bloco simbólico, sem definição de candidato. O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), defendeu que a sigla apoie Marcelo Freixo, do PSOL.
Reservadamente, parlamentares admitem, no entanto, que parte dos votos da bancada petista devem terminar em Maia, uma vez que o voto é secreto.

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