Foto: Gabriela Biló / Estadão
Paulo Guedes
O discurso de posse do novo ministro da Economia, Paulo Guedes,
prometendo controle rígido das despesas e reforma da Previdência animou
os investimentos, mas motivou aviso de uma das categorias de que entrar
em confronto com o funcionalismo “não é uma boa estratégia” a ser
adotada. Além da promessa de acelerar o ajuste, o que mais empolgou na
fala de Guedes foi a diretriz dada de reduzir o tamanho do Estado e o
peso dos impostos. O que se espera agora é que o governo Bolsonaro e o
Congresso apoiem as diretrizes de Guedes e aproveitem o capital político
pós-eleição para avançar com o Plano Guedes. “Guedes colocou as coisas
que são as necessidades do Brasil. São fáceis de fazer? Não são. Se
fossem, já teriam sido feitas”, disse o presidente da Confederação
Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade. Segundo ele, Guedes tem de
levar rapidamente as medidas adiante porque o capital político de início
de mandato se esgota em pouco tempo. O presidente da Associação
Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifar), Vicente Abate, disse que
agradou a declaração de Guedes na direção de uma carga tributária de 20%
do Produto Interno Bruto (PIB). O presidente do grupo Votorantim, João
Miranda, afirmou que Guedes foi preciso no diagnóstico, assertivo nas
soluções propostas e corajoso no chamamento à responsabilidade dos três
Poderes com respeito às necessárias reformas. “No improvável cenário de
não aprovação da reforma da Previdência, o ministro foi de uma clareza
avassaladora: caberá ao Congresso avaliar esse dilema real em
profundidade”, disse. Na avaliação de Eduardo Fischer, copresidente da
construtora MRV, o discurso de Guedes atende aos anseios do
empresariado. “Tudo o que ele falou era exatamente o que eu queria
ouvir.” O presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura e
Indústrias de Base (Abdib), Venilton Tadini, avaliou que o discurso
reflete os anseios da sociedade. “A população está preocupada com o
desemprego, com a desigualdade social e com o fim da crise
institucional.” Para ele, as reformas anunciadas pelo ministro
(administrativa, fiscal e tributária, previdenciária e patrimonial) são
essenciais para devolver a competitividade da economia brasileira.
“Precisamos de agilidade; ninguém aguenta mais seis anos de crise.” Para
o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e
Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, vários pontos citados por Guedes
soaram como “música para os ouvidos do empresariado”. Ele cita, por
exemplo, a proposta de simplificação da cobrança de tributos e medidas
de redução de custos para dar maior competitividade às indústrias.
Apesar do entusiasmo do empresariado, o representante de uma das
categorias que entraram na mira de Guedes por receber as “maiores
aposentadorias”, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe),
afirmou que entrar em confronto com as categorias não é uma boa
estratégia a ser adotada pelo ministro da Economia. “Todos sabemos que é
necessário algum tipo de reforma da Previdência, não há por parte da
Ajufe oposição à ideia de reforma. Mas é necessário que o debate seja
feito de forma mais adequada e sem criar esse discurso dos
privilegiados”, disse o presidente da Ajufe, Fernando Mendes. Guedes
afirmou na posse que o sistema previdenciário no Brasil é uma “fábrica
de desigualdades” e que “quem legisla e julga tem as maiores
aposentadorias, e a população, as menores”. Para Mendes, esse discurso
“não está totalmente correto” porque servidores que ingressaram a partir
de 2013 estão sujeitos ao teto do INSS, assim como os trabalhadores do
setor privado.
Estadão
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