MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 18 de abril de 2018

BR-277 tem pedágio mais caro que frete para uma tonelada de soja


BLOG DO CAMINHONEIRO

Com o capô do caminhão aberto, Adalberto de Andrade fazia uma verificação antes de seguir viagem. No posto de combustível às margens da BR-277, no município de Palmeira, o caminhoneiro contou que é autônomo e se preparava para levar soja até Paranaguá.
Disse que o frete foi contratado a R$ 58 por tonelada, um preço bom, considerando que, por aquelas bandas, ainda tinha soja no campo. O trecho a ser percorrido é de quase 200 quilômetros. “A estrada está boa, mas é cara. O pedágio é caro e ainda cobra pelo eixo erguido. Não é justo”, diz, contando ter 12 anos de estrada e reclamando também o alto preço do diesel.
No mesmo posto, Mauri Silveira, que também se apresentou como profissional autônomo, tinha a mesma reclamação. Entre um gole de refrigerante e outro, contou que estava esperando terminar de carregar o caminhão também com soja, em uma fazenda da região. Levaria da lavoura para uma cooperativa ali mesmo, em Palmeira.
Para ele, os preços atuais do frete na região estão bons, entre R$ 50 e R$ 55 a tonelada até Paranaguá. Mas a estrada consome parte desse ganho. “O problema do pedágio é o eixo erguido. Vazio ou carregado cobra. Não sei quem arrumou isso”, lamenta.
O eixo erguido ou suspenso, como também se diz, não faz diferença nas praças de pedágio das quatro concessionárias que dividem a administração da BR-277, entre Foz do Iguaçu e Paranaguá. Em todas, ele é somado à tarifa, mesmo sem o pneu tocar o chão da rodovia.
Mas faz diferença na conta do caminhoneiro. Na praça de Cascavel, altura do quilômetro 569, a tarifa para veículos de seis eixos, é R$ 63,60. No bitrem, de sete eixos, sobe para R$ 74,20. Em Prudentópolis, o seis eixos sobe para R$ 71,40 e o sete eixos R$ 83,30. Mais que o preço do frete de uma tonelada relatado pelos profissionais ouvidos.
A tarifa mais baixa é a cobrada em São Luiz do Purunã: R$ 46,80 para seis eixos e R$ 54,60 para sete. Todas as praças de pedágio da rodovia são bidirecionais, ou seja, cobram nos dois sentidos.
A equipe do Caminhos da Safra também não ficou livre. E, ao questionar atendentes sobre o eixo suspenso, ninguém soube explicar. Eles não têm culpa. Seu trabalho é cobrar o pedágio. Mas, a julgar pela nossa “impertinência jornalística”, por assim dizer, é possível imaginar o quanto de reclamações eles ouvem, já que lidam diretamente com os usuários da rodovia.
Lei dos Caminhoneiros
A cobrança do pedágio sobre eixo suspenso entrou em discussão no contexto da aprovação da lei 13.103/2015, conhecida como Lei do Caminhoneiro. O texto regulamentou a jornada de trabalho para esses profissionais e, entre outras normas, isentou do pagamento pelo eixo que não toca a estrada.
Contatada, a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), que reúne empresas provadas que administram estradas pelo Brasil, ressaltou que a decisão de cobrar pelo eixo suspenso na BR-277 foi do governo do Paraná. A rodovia é federal, mas a regulação foi delegada ao Estado em 1996, durante o governo Jaime Lerner. O convênio vigora até 2021.
Como a administração é feita pelo executivo paranaense, a rodovia acabou sendo incluída na decisão tomada pela Agência Reguladora do Paraná (Agepar) ainda em 2015, que autorizou a cobrança pelo eixo suspenso, revogando resolução anterior. A isenção durou apenas seis meses, durante os quais, segundo a Agepar, o tráfego de cargas vinha sendo monitorado.
“Constatou-se que a permanência da isenção do pagamento dos eixos suspensos, no atual contexto, acarretará em expressivos aumentos nas tarifas de pedágio do Anel de Integração, para todas as categorias de veículos”, argumentou, na época, a agência.
Para quem depende do transporte rodoviário, toda essa situação significa custo. Um estudo da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), concluído em março deste ano, concluiu que “o pedágio onera o transporte de grãos em todas as regiões do Paraná”.
De acordo com o levantamento, as sucessivas passagens pelas praças de cobrança significam 22,38% do custo total de transporte, considerando a rota saindo de Foz do Iguaçu com destino a Paranaguá. De Ponta Grossa a Paranaguá, trajeto menor, representa 17,57% do total do frete.
E o frete de retorno, pelo qual são trazidos os fertilizantes importados pelo Brasil via Paranaguá, o mesmo acontece. Segundo a Ocepar, o pedágio representa 24,58% do custo total em um trajeto para Cascavel. Se o destino é Maringá, essa proporção é de 19,91%.
Fonte: Globo Rural

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