Bernardo Mello Franco
O Globo
No fim de fevereiro, Brasiliense e Paracatu se enfrentaram pela nona rodada do Candangão. A peleja atraiu 392 testemunhas ao Estádio Nacional de Brasília. Foi outro fiasco de público na arena mais cara da Copa de 2014. A reforma do velho Mané Garrincha torrou R$ 1,98 bilhão em recursos públicos, segundo o Tribunal de Contas do DF. A obra custou o triplo do previsto. Resultou num monumento ao desperdício em concreto e aço, encravado no centro da capital.
Ontem a Justiça Federal mandou para o banco dos réus 12 personagens acusados de faturar com a reconstrução do estádio. Estão na lista dois ex-governadores, José Roberto Arruda (PR) e Agnelo Queiroz (PT), e um ex-vice, Tadeu Filipelli (PMDB).
DESDE 2008 – De acordo com o Ministério Público, as fraudes começaram a ser tramadas em 2008. Segundo a denúncia, Arruda reuniu empreiteiros na residência oficial e direcionou o estádio para um consórcio chefiado pela Andrade Gutierrez. Executivos da construtora contaram que ele cobrou pedágio de 1% sobre o valor da obra.
O governador caiu, mas o esquema continuou de pé. A dupla Agnelo-Filipelli assumiu o projeto e recebeu mais R$ 12 milhões em propina, diz a Procuradoria. O petista foi acusado de desviar até ingressos prometidos aos operários que trabalharam na construção.
LEGADO DA COPA – Das 12 estádios da Copa, dez já apareceram em investigações de corrupção. O ex-governador Sérgio Cabral e o ex-ministro Henrique Alves, ambos do PMDB, foram para a cadeia por fraudes no Maracanã e na Arena das Dunas. Arruda, Agnelo e Filipelli chegaram a ser presos, mas poderão se defender em liberdade. Os três negam participação na roubalheira.
Além de liderar o ranking do superfaturamento, o Mané Garrincha encabeça a lista de elefantes brancos do Mundial. Com capacidade para 72 mil pessoas, passa a maior parte do tempo às moscas. Em 2017, ficou quase nove meses sem receber uma partida oficial. O fracasso de público era previsível. Sem tradição no futebol, Brasília não tem nenhum time nas séries A, B e C do Brasileiro.
Em tempo: o duelo entre Brasiliense e Paracatu arrecadou míseros R$ 1.337. O valor não cobriu nem o aluguel da ambulância exigida pela federação. Para azar dos 392 torcedores, o jogo terminou em 0 a 0.
Posted in Tribuna da Internet
O Globo
No fim de fevereiro, Brasiliense e Paracatu se enfrentaram pela nona rodada do Candangão. A peleja atraiu 392 testemunhas ao Estádio Nacional de Brasília. Foi outro fiasco de público na arena mais cara da Copa de 2014. A reforma do velho Mané Garrincha torrou R$ 1,98 bilhão em recursos públicos, segundo o Tribunal de Contas do DF. A obra custou o triplo do previsto. Resultou num monumento ao desperdício em concreto e aço, encravado no centro da capital.
Ontem a Justiça Federal mandou para o banco dos réus 12 personagens acusados de faturar com a reconstrução do estádio. Estão na lista dois ex-governadores, José Roberto Arruda (PR) e Agnelo Queiroz (PT), e um ex-vice, Tadeu Filipelli (PMDB).
DESDE 2008 – De acordo com o Ministério Público, as fraudes começaram a ser tramadas em 2008. Segundo a denúncia, Arruda reuniu empreiteiros na residência oficial e direcionou o estádio para um consórcio chefiado pela Andrade Gutierrez. Executivos da construtora contaram que ele cobrou pedágio de 1% sobre o valor da obra.
O governador caiu, mas o esquema continuou de pé. A dupla Agnelo-Filipelli assumiu o projeto e recebeu mais R$ 12 milhões em propina, diz a Procuradoria. O petista foi acusado de desviar até ingressos prometidos aos operários que trabalharam na construção.
LEGADO DA COPA – Das 12 estádios da Copa, dez já apareceram em investigações de corrupção. O ex-governador Sérgio Cabral e o ex-ministro Henrique Alves, ambos do PMDB, foram para a cadeia por fraudes no Maracanã e na Arena das Dunas. Arruda, Agnelo e Filipelli chegaram a ser presos, mas poderão se defender em liberdade. Os três negam participação na roubalheira.
Além de liderar o ranking do superfaturamento, o Mané Garrincha encabeça a lista de elefantes brancos do Mundial. Com capacidade para 72 mil pessoas, passa a maior parte do tempo às moscas. Em 2017, ficou quase nove meses sem receber uma partida oficial. O fracasso de público era previsível. Sem tradição no futebol, Brasília não tem nenhum time nas séries A, B e C do Brasileiro.
Em tempo: o duelo entre Brasiliense e Paracatu arrecadou míseros R$ 1.337. O valor não cobriu nem o aluguel da ambulância exigida pela federação. Para azar dos 392 torcedores, o jogo terminou em 0 a 0.
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