Folha
O pré-candidato Ciro Gomes (PDT) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva podem reviver momentos de eleições passadas em 2018: caso sejam oficializados candidatos, os antigos aliados estarão em candidaturas adversárias à Presidência, como em 2002 e em 1998. “Nem inimigo nem adversário” é como Ciro Gomes descreve sua relação com o PT – cuja “débâcle” (ruína), afirma, considera responsável pela polarização do país, mais do que a ascensão de ideias de extrema direita.
Houve um tempo, porém, em que o Lula enxergou no hoje pedetista, que foi ministro da Integração Nacional em seu governo, um sucessor. “Nunca acreditei, mas ouvi dele 1 milhão de vezes [que o sucederia]. Na frente de muitas pessoas. Não só nós dois, mas na frente de nossas respectivas mulheres. Ele cansou de dizer e com muita emoção”, afirmou Ciro Gomes nesta terça-feira (dia 24), em São Paulo. Ele fez o discurso de abertura do congresso estadual da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros).
PT NÃO DEIXARIA – Na época, Ciro relata ter duvidado que Lula bancasse sua indicação. “A natureza do partido [PT] não é a de apoiar ninguém”, comentou.
Em 2018, PT e PDT devem dividir palanques em ao menos três Estados: Ceará, que Ciro já governou, Bahia e Piauí. E é com parte dos que hoje se inclinam a apoiar candidaturas à direita que Ciro, que se declara de centro-esquerda, diz apostar que vai dialogar.
Sobre Bolsonaro, disse o pré-candidato do PT: “Com o Bolsonaro, nesse instante, você tem uma fração de fascismo, [que] sempre existiu no Brasil”, afirma o pedetista. Para ele, é o eleitor “absolutamente indignado” com a segurança pública, que defende propostas como a da redução da maioridade penal.
“Esse cara não vem pra mim jamais, porque repudio. Há uma outra fração que está procurando nele autoridade. Decência. Integridade, no sentido de não se disfarçar pra ganhar voto, não andar mentindo, não andar enganando, falando o que não pensa”, afirma.
CONJUNTO DE MICOS – Ciro Gomes diz que, na campanha, Bolsonaro vai ser muito alvejado: “Essa parte eu acredito que vai acontecer quando começar o conjunto de micos, que é fatal contra todos nós. Uma campanha no Brasil é coisa selvagem.”
Ele exemplifica citando “vídeos do Bolsonaro rindo desbragadamente vendo uma ação de zoofilia” (sexo com animais). “Você imagina isso transformado num comercial pela turma que vai vir contra ele? É mortal”, ele afirma.
E os adversários não virão contra o próprio Ciro? “Virão violentamente. Mas meu eleitor não vai ter que explicar nenhum mico.”
MANCADAS – O pedetista mencionou “uma frase e tal – no passado, pela qual me desculpei”. Ficou famosa uma frase dele sobre a ex-mulher Patrícia Pillar. Em 2002, disse que o papel dela na campanha era o de dormir com ele.
Na semana passada, uma declaração de Ciro, quando comentava a postura da pré-candidata Marina Silva, também pegou mal. Ele afirmou que o “momento político é de testosterona”.
Questionado nesta terça, ele não quis comentar o assunto: disse que já havia se posicionado. Em entrevista à TV Bandeirantes, no domingo (22), afirmou que foi mal interpretado. “Nessa campanha, ninguém sai com paletó limpo”, afirmou.
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