O Brasil
registrou 61,6 mil mortes violentas em 2016, de acordo com o Anuário
Brasileiro da Segurança Pública divulgado hoje (30). O número, que
contabiliza latrocínios, homicídios e lesões seguidas de morte,
representa um crescimento de 3,8% em comparação com 2015, sendo o maior
patamar da história do país. Em média, foram contabilizados 7
assassinatos por hora. Com o crescimento do número de mortes
intencionais, a taxa de homicídios no Brasil por 100 mil habitantes
ficou em 29,9.
O Rio de
Janeiro é o estado com maior número de vítimas (6,2 mil) e registrou o
segundo maior crescimento na quantidade de casos, 24,3% em relação a
2015. Foram registrados 37,6 homicídios para cada 100 mil habitantes no
estado.
A maior taxa de
assassinatos foi, no entanto, verificada em Sergipe com 64 casos para
cada grupo de 100 mil. Em números absolutos, o estado teve 1,4 mil
mortes violentas em 2016, uma alta de 11,5% em relação ao ano anterior.
A maior
elevação no número de assassinatos ocorreu no Amapá que teve 250 casos
em 2015 e chegou a 388 em 2016, uma alta de 52,1%. O Rio Grande do Norte
foi o terceiro em crescimento no número de mortes (18%). Com 1,9 mil
casos, o estado tem a segunda maior taxa de assassinatos para cada 100
mil habitantes no estado – 56,9.
Violência contra a mulher
O anuário
trouxe ainda, pela primeira vez, os dados dos feminicídios e
assassinatos de mulheres. Em 2015 entrou em vigor a legislação nacional
que determinou que assassinatos cometidos contra mulheres em razão de
gênero se tornassem agravante do homicídio. Em 2016, foram registrados
533 casos em todo o país que tiveram enquadramento na nova lei. Desses,
96 ocorreram no Rio Grande do Sul.
Os crimes
violentos contra mulheres somaram 4,6 mil casos em 2016, o que
representa uma média de um assassinato a cada duas horas. Os estupros
totalizaram 49,5 mil ocorrências, um crescimento de 3,5% em comparação
com 2015.
Soluções
A partir de
experiências que conseguiram reduzir a violência em outros países, como
no Reino Unido, o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Rafael
Alcadipani, defendeu políticas que atuem para diminuir a reincidência e
melhorar a qualidade de vida da população mais pobre. “A pessoa mais
educada, com uma vida melhor, vai ter menos a gramática da violência no
seu cotidiano. No caso do Reino Unido, novas gerações que vieram de
lares mais estruturados devido ao desenvolvimento econômico que houve no
país nas décadas de 1980 e 1990 tem a gramática da violência menos
presente”, destacou.
Ainda sobre os
resultados obtidos na Inglaterra, o professor apontou como um bom
exemplo o uso da liberdade condicional, em que os condenados são
observados por funcionários especializados. “Em vez de ser preso, ele
vai ter uma pena que vai ser mudar o comportamento da sua vida”,
explicou. Enquanto no Brasil, Alcadipani vê como infrutífera a política
de encarceramento adotada como regra. “Você não tem nenhuma efetividade
de ação que impeça que esse sujeito continue no meio do crime”,
enfatizou.
Para reduzir o
poder do crime organizado, o Brasil precisa, na opinião do especialista,
também discutir a legalização das drogas. “O que resolve problema de
fuzil e segurança pública não é controlar fronteira, porque ninguém
controla a sua fronteira. O Estados Unidos têm muito mais dinheiro e
tecnologia e não controla a sua fronteira. O que controla esse tipo de
crime é justamente a regulamentação do mercado das drogas. Se tem muito
fuzil, muita arma pesada, você tem muito dinheiro na mão do crime hoje”.
VERDINHO DE ITABUNA
Nenhum comentário:
Postar um comentário