As torrentes de plástico que sufocam e matam de fome os peixes, aliadas à sobrepesca e às muitas formas humanas de poluição, criam cada vez mais zonas mortas e ácidas nos oceanos, o que compromete a vida marinha. A conclusão é de um estudo de oito anos desenvolvido por 250 cientistas do Grupo de Impactos Biológicos do Ácido nos Oceanos (Bioacid), uma organização de pesquisadores alemã.
Segundo a pesquisa, a acidificação dos oceanos progride rapidamente em todo o mundo, e sua combinação com as outras ameaças à vida marinha tem se mostrado mortal. Muitos organismos que podem suportar uma certa quantidade de acidificação correm o risco de perder essa capacidade de adaptação devido à poluição por plásticos e ao estresse extra do aquecimento global.
“Como a acidificação acontece muito rapidamente quando comparada a outros processos naturais, só os organismos com um tempo de geração pequena, como micróbios, conseguem sobreviver”, alertam os autores do estudo intitulado Exploring Ocean Change.A acidificação dos oceanos pode reduzir as perspectivas de sobrevivência de algumas espécies de crustáceos e peixes no início da vida, com efeitos adversos. Os cientistas descobriram que, até o final do século, o tamanho do bacalhau do Atlântico no Mar Báltico seria reduzido a apenas um quarto do atual.
Emissões de CO2
As emissões de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera influenciam diretamente na acidificação dos oceanos, uma vez que o gás carbônico acaba dissolvido na água do mar. Estudos demonstram que, desde à Revolução Industrial, verificou-se que o pH médio sob as águas caiu de 8,2 para 8,1, o que pode parecer pouco, mas já é suficiente para aumentar a acidez em 26%.Medidas para reduzir a quantidade de CO2 podem ajudar a diminuir esse processo, sobretudo as que são capazes de absorver os estoques de carbono que já estão no ar devido à queima de combustíveis fósseis.
O embaixador da ONU para os oceanos Peter Thompson, que também é diplomata de Fiji – país que organiza atualmente a COP-23 (Conferência das Partes da ONU Sobre Mudanças Climáticas), fez um apelo recente. “Estamos todos conscientes das mudanças climáticas, mas precisamos conversar também sobre mudanças nos oceanos e os efeitos da acidificação, aquecimento e zonas mortas e assim por diante”, cobrou. Ele defende uma ação concentrada sobre o tema nos próximos três anos.
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