O Brasil é surpreendente, porque nenhuma pessoa no mundo poderia ser capaz de imaginar do que acontece neste país em matéria de corrupção e desonestidade. Uma manchete do site da Rede RBS, aqui no Rio Grande do Sul, noticiou o lema dos advogados dos políticos envolvidos na Lava Jato: “Mexeu com um, mexeu com todos!”. Certamente jamais houve qualquer enredo literário ou cinematográfico que caracterizasse – mesmo que de longe – a realidade brasileira neste sentido, com uma declaração formal de que políticos corruptos, ladrões dos recursos públicos, estão publicamente unidos contra a Lei.
Ah, a reunião dos advogados, evidentemente, foi feita em um famoso restaurante e paga com honorários oriundos do dinheiro do povo. E ninguém diz nada, não há a mínima repercussão, as pessoas de bem simplesmente se omitem.
TEMER GRAMPEADO – A propósito da corrupção, tenho defendido a tese de que a gravação contendo um diálogo entre o presidente Michel Temer e o empresário Joesley Batista já se tornou irrelevante, nessas alturas.
Se legítima ou não, fraudulenta ou não, isso não vem mais ao caso, pelo simples fato de Temer admitir ter conversado com o empresário corruptor e sonegador, altas horas da noite, no subsolo do Palácio Jaburu.
E tem mais: Temer também confirmou parte desta conversa onde o Batista declara ter dois juízes e um procurador nas mãos. Ora, o correto seria o presidente ter chamado a segurança e dado voz de prisão ao meliante, mandando que fosse conduzido à Polícia Federal, mas calou-se.
MODUS OPERANDI – Por outro lado, o teor da gravação é reforçado e praticamente chancelado como autêntico, em função dos vídeos filmados nos depoimentos em que Joesley confessou o “modus operandi” das propinas, delatando para um país estarrecido que nada escapa à corrupção e à desonestidade.
Ao contratar o espalhafatoso “técnico em áudio e som” Ricardo Molina, o presidente Temer tenta se apegar a um laudo sob encomenda, extremamente mal feito e às pressas, como se fosse sua tábua de salvação, mal sabendo que a questão não é boiar, mas se sustentar, e esta pequena prancha não tem a menor condição de atravessar o mar de lama que está tragando o chefe do governo e sendo cúmplices.
Aliá, as defesas dos acusados têm sido patéticas, peças de um humor pastelão, mal escritas e pessimamente interpretadas, porque os roteiristas e atores são absolutamente canastrões.
Mesmo assim, Temer insiste em prosseguir um espetáculo, que está sendo permanentemente vaiado e a plateia está cada vez mais vazia.
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