Patrícia França e Agências
A TARDEAs comemorações nesta segunda-feira, 1º, pelo Dia do Trabalho serão uma espécie de continuidade dos protestos contra as reformas previdenciária e trabalhista e a terceirização, que pararam as principais capitais e cidades do país na última sexta-feira. Além de definirem estratégias para derrubar as alterações já aprovadas pela Câmara na CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), as lideranças sindicais veem a data com o uma oportunidade única para reorganizar e fortalecer os sindicatos.
Em Salvador, as principais centrais sindicais – CUT, CTB, CSB, CSP-Coluntas, UGT, Força Sindical e Nova Central – vão marcar a data com shows musicais no Farol da Barra, a partir das 14 horas, com a apresentações de Adelmário Coelho, Ivan Huol e Banda da Lua. Mas a festa dará espaço para discursos e manifestações contra as reformas propostas pelo governo Michel Temer.
O ato vai reunir, também, representantes de partidos políticos como o PT, segundo confirmou ao A TARDE o presidente da legenda na Bahia, Everaldo Anunciação, e o PSOL, que fará uma caminhada do Cristo da Barra em direção ao Farol, onde se juntará à Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo, centrais sindicais, movimentos sociais e outros partidos.
Em São Paulo, as tradicionais comemorações devem trazer mais uma mostra da postura mais agressiva das centrais sindicais em relação ao governo, como ocorreu com a greve geral, na sexta-feira (28), contra as reformas da Previdência e Trabalhista.
As centrais CUT, CTB e Intersindical realizam seu evento em dois pontos: um ato na Avenida Paulista e um show musical na Praça da República. Já a Força Sindical fará shows e sorteios de carros na Praça Campo de Bagatelle.
Estratégia para barrar
As centrais também já começaram a discutir os próximos passos em relação às reformas propostas pelo governo. O primeiro será pressionar os senadores, tanto em Brasília quanto nas suas bases eleitorais, para barrar a reforma trabalhista, que ainda tem de passar pelo Senado. Se não for suficiente, as entidades avaliam promover uma grande marcha a Brasília e uma nova greve geral, desta vez com dois dias de duração.
Mas, caso as reformas não sejam derrubadas, o caminho deve ser a política eleitoral. "Se não conseguirmos [derrubar as reformas], a via é eleger em 2018 um governo que revogue as reformas, na linha do que tem sido feito em alguns países da Europa", diz o diretor executivo da CUT nacional, Julio Turra. Ele avalia que a extinção do imposto sindical não é uma ameaça real e foi incluída no texto da reforma para, depois, servir de moeda de troca na negociação com as centrais alinhadas ao governo federal.
Reorganização sindical
As organizações de trabalhadores também têm, agora, que lutar para sobreviver. Após mais de uma década de atuação praticamente sem grandes mobilizações, até porque havia um alinhamento com o governo do PT, as centrais sindicais agora estão acuadas.
A reforma trabalhista pode minar o poder de atuação das entidades sindicais ao acabar com o imposto sindical e estabelecer negociações por meio de representantes internos nas empresas com mais de 200 funcionários. A reforma da Previdência é outra dor de cabeça. Além disso, há número recorde de 14,2 milhões de desempregados no país.
"O sindicalismo vai passar por um momento extremamente delicado porque vai estar fragilizado em todas as suas forças", diz o procurador geral do Trabalho, Ronaldo Curado Fleury.
Para ele, as duas maiores ameaças às entidades são a possibilidade de extinção do imposto sindical e a criação de comissões de negociação sem a participação dos sindicatos.
Para Fleury, antes da reforma trabalhista, o governo deveria fazer uma reforma na estrutura sindical.
"Vai haver uma diluição do poder de negociação. Uma mudança possível seria acabar com a unicidade sindical. Se uma entidade não tem concorrência, vai correr atrás do trabalhador para quê?", questiona.
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