Trata-se um vergonhoso golpe contra os cidadãos. Segundo Alberto Bombig, do Estadão, a ideia
é "utilizar uma eventual eleição presidencial indireta para “anistiar”
parte do mundo político e colocar o Congresso como contraponto à Lava
Jato e ao Ministério Público:
Estão em curso em
Brasília as tratativas de um acordão que visa a utilizar uma eventual
eleição presidencial indireta para “anistiar” parte do mundo político e
colocar o Congresso como contraponto à Lava Jato e ao Ministério Público
Federal. Os cérebros da trama atuam, sobretudo, no Senado Federal. Na
ponta final da maquinação está o compromisso de alterar a Constituição
para garantir foro privilegiado a ex-presidentes da República, o que
beneficiaria diretamente Lula, Sarney, Collor, Dilma e, eventualmente,
Michel Temer, todos alvo de investigações.
O grupo
suprapartidário de senadores entende hoje que uma eventual eleição
indireta para a Presidência deve seguir o modelo bicameral: aprovação de
um candidato pela Câmara a ser referendada posteriormente pelos
senadores.
Na prática, isso
significaria um peso maior para o voto dos 81 senadores sobre o dos 513
deputados, o que diminuiria drasticamente as chances de Rodrigo Maia
(DEM-RJ), atual presidente da Câmara, ser eleito para o Planalto. Ciente
desse movimento, os apoiadores de Maia sondaram o presidente do Senado,
Eunício Oliveira (PMDB-CE), para ser o vice do deputado.
O problema é que os
senadores acham que Maia, uma vez eleito presidente da República, não
sobreviveria ao que chamam de “jogo baixo da Lava Jato”. Avaliam que a
cabeça de Maia se tornaria o troféu a ser apresentado pela longa fila
que hoje tenta fazer delação premiada. A gravação feita por Joesley
Batista de uma conversa com Temer comprovou, na visão dos senadores
implicados na Lava Jato, que o Ministério Público Federal está disposto a
tudo para “destruir o mundo político”.
Pelo arranjo dos
senadores, Eunício seria, sim, vice, mas de um outro candidato, alguém
com coragem suficiente para enfrentar a opinião pública e frear os
procuradores e o juiz federal Sérgio Moro.
Para o grupo do
Senado Federal, apenas dois nomes entre os colocados até agora como
pré-candidatos têm peso e tamanho para a missão: Nelson Jobim e Gilmar
Mendes. Só para lembrar: no Senado, são investigados, entre outros, o
próprio Eunício, Renan Calheiros (PMDB), Gleisi Hoffmann (PT) e Aécio
Neves (PSDB), todos considerados da “elite política da Casa”, como
gostam de dizer os parlamentares.
A parte final do
acordão inclui a saída do presidente Michel Temer, a ser convencido
pelos aliados de que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já tem consenso
formado pela cassação da chapa e pode até convocar eleições diretas.
Para facilitar a renúncia de Temer, o acordo garantiria a ele um indulto
(a imunidade penal a ser dada pelo futuro presidente) e a votação da
PEC que manteria o foro privilegiado a ex-presidentes, evitando que o
caso dele chegue até Moro. Essa PEC também livraria Lula das garras do
juiz federal, parte que mais interessa ao PT.
O novo presidente,
oriundo do acordão, ainda convocaria uma nova Constituinte e se
aprovaria uma reforma mínima da Previdência, para acalmar os mercados e o
setor produtivo. A Constituinte instituiria eleições e mandatos a
promotores e procuradores, a exemplo do que ocorre nos Estados Unidos.
Seria o House of Cards Brazil.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
Nenhum comentário:
Postar um comentário