MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Blocos do carnaval em Salvador vivem crise causada pela retirada das cordas


No meio da crise, o único artista popular que se mantém em alta é o cantor Bell Marques,

Publicada em TRIBUNA DA BAHIA
Foto: Valter Pontes
Pipoca no Farol da Barra, em Salvador
Pipoca no Farol da Barra, em Salvador
Com a festa já acontecendo em Salvador, o que se percebe é uma queda vertiginosa nas vendas dos abadás e a diminuição dos tradicionais blocos nas ruas. Para superar o problema, governo e prefeitura buscaram patrocínio privado. Segundo o governador, Rui Costa (PT), as atrações sem cordas foram viabilizadas por meio de articulações com empresas privadas. "São pouco mais de R$ 4 milhões que o Estado recebeu para o pagamento de artistas "

Dos grandes e tradicionais blocos, o primeiro a anunciar que não sairia este ano foi o Cheiro de Amor. "Após décadas saindo nas ruas de Salvador, este ano, os blocos Cheiro e Yes se reservarão a um ano de descanso, motivado pela grave crise financeira que vivemos e as consequências dela. Colocar um bloco na rua se tornou um grande desafio, que a nossa estrutura não está confortável em encarar", afirmou o empresário Windson Silva.

E até atrações bastante marcantes e responsáveis por esgotar blocos, como Claudia Leitte e Ivete Sangalo, se adequaram na folia 2017. O Cerveja e Cia, de Ivete, que sempre saiu três dias, este ano se limitou ao sábado. Ela reduziu, também, a programação do bloco Coruja. Já Claudia Leitte esteve só ontem no Bloco Largadinho - e repete a dose amanhã. O Olodum só sairá dois dias, enquanto o Nana Banana e o Araketu resolveram ficar fora do circuito.

Superação na avenida. No meio da crise, o único artista popular que se mantém em alta é o cantor Bell Marques, campeão de vendas de abadás e único a pôr o bloco na rua todos os dias.

Saulo vê mais liberdade, no carnaval pipoca - Foto: Bruno Concha
O cantor Saulo aprova a derrubada das cordas. "A Pipoca por si já é a maior liberdade de todas. A gente faz pipoca e a gente vê que todo mundo brinca de igual para igual. Isso é um sonho", avaliou.
O cantor e compositor Moraes Moreira é outro adepto do carnaval sem cordas, Ele afirma que o aumento significado de atrações gratuitas nos circuitos carnavalescos que vem ocorrendo nos últimos anos é uma vitória do povo e dos artistas que, assim como ele, lutaram para que esse momento acontecesse. “O Carnaval é do povo. Essa história de corda não cola mais não, nem o turista mesmo quer. Se a cidade não tomasse essa atitude, a Bahia ia começar a perder espaço”, completou. O cantor explicou que os grandes blocos de trio já tiveram o seu momento de protagonismo, mas que chegou a hora da sociedade compreender que “quem faz o Carnaval é o povo e que o povo é o Carnaval”.
Apoio do Estado
O governador Rui Costa nega que investimentos em trios sem corda tenham envolvido recursos deslocados de áreas prioritárias, como Saúde, Segurança e Educação. “Os artistas que têm um cachê maior em função da sua fama e do seu prestígio são bancados pelo setor privado, mas a convite do Governo do Estado, que faz a articulação. Assim fazem os blocos privados, atraem empresas para bancarem grandes atrações”.
"Eu acho que o Carnaval da Bahia está voltando a ser o que era no passado, todo mundo junto e misturado, gente de classe média alta, do povão, jovens, idosos, todo mundo brincando junto, é isso o que o Carnaval sem corda proporciona”, afirmou Rui.

O governador Rui Costa defende a pipoca e fala em excesso de dias de carnaval - Foto: Pedro Moraes
RuiCosta  afirmou que este é o momento para se discutir o Carnaval do ano que vem. “Eu tenho ouvido muita gente dizer que o número excessivo de dias tem prejudicado a festa. Vamos ver se é verdade ou não. Todo mundo tem elogiado o Carnaval sem corda, acho que ele tem contribuído para colocar gente na rua. Então, vamos encontrar uma receita certa entre o Carnaval do negócio e o popular. O meio termo, o equilíbrio é sempre bom.
Para o governador, o momento de discutir Carnaval não é no segundo semestre, quando já é para se fazer o planejamento concreto, as contratações. “O momento de se discutir é no primeiro semestre, logo após a festa, quando o debate ainda está aquecido. Então, agora é o momento de avaliar, ouvir bastante e ‘afinar a viola’ para que tenhamos um Carnaval 2018 melhor ainda”.

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