Ricardo Bordin, do blog Por um Brasil sem Populismo, acerta o alvo com a precisão de sempre:
Diz a
sabedoria popular que “cabeça vazia é oficina do diabo” – e o terreno
ideal para plantar a erva daninha do “progressismo”, complemento eu.
Qual indivíduo seria mais facilmente transformado em idiota útil da
Esquerda: o playboyzinho que está tomando cerveja artesanal no Delirium
Café em Ipanema, quando deveria estar em uma aula bancada pelos
pagadores de impostos, sem horário para acordar no dia seguinte; ou o
cidadão que mora no morro, e precisa matinar quase todo santo dia para
empreender sua labuta diária em busca do sustento, desviando de
criminosos pelo caminho, ansioso pelo dia do descanso sagrado? Este mapa
do resultado das eleições municipais no Rio de Janeiro dá uma dica
preciosa sobre a solução deste enigma:
Esta
notável polarização política entre um candidato representante da Igreja
Universal e um legítimo e assumido (até onde as pretensões eleitorais
permitiram) socialista, e sua coincidência com determinados níveis de
renda per capita da cidade maravilhosa, merecem uma análise mais
acurada, portanto. Entender por que as pessoas menos abastadas deram
preferência a um bispo da religião que mais cresce no país, em
detrimento daquele que, supostamente, fala em nome, justamente, de tais
desfavorecidos pelo “sistema capitalista opressor”, é tarefa essencial
no esforço contra a disseminação do ideário marxista. Se funcionou no
RJ, pode perfeitamente dar certo Brasil afora.
1) “Se
Deus quiser, meu filho…”: A frequência com que uma pessoa repete esta
expressão costuma guardar relação inversamente proporcional com sua
condição financeira. Não á toa, minha mãe, esposa de um motorista de
caminhão, que cuidava dos três filhos em casa, seguidamente entoava o
mantra. E não era difícil entender o porquê: em meio à inflação, juros e
desemprego nas alturas, associada com a violência da vila onde
residíamos, dentre outras mazelas sociais comuns naquela região, a fé no
transcendente estava sempre na ordem do dia. A oração do anjo da guarda
era sua favorita. Ateísmo não costuma proliferar em bairros de
periferia. Rezar para o ordenado chegar ao final do mês ou para chegar
vivo em casa, ao final da jornada, é prática corriqueira.
Meu pai
não contribuía com dízimo, mas alguns de nossos vizinhos, sim. Pagar
para continuar tendo esperanças, ao passo que a expansão do Estado
pseudo-assistencialista tornava a vida cada dia mais dura, era
expediente mais benéfico do que entregar os pontos e render-se aos
vícios. É claro que para os moradores do Leblon que apenas visitam os
pobres, vez por outra, para gravar documentário glamourizando a favela e
produzir filme louvando bandido como vítima – e ganhar ainda mais
dinheiro de pagadores de imposto, pela via torta da lei Rouanet – isso
não faz muito sentido, por certo.
2) “Deus
ajuda quem cedo madruga”: Outra máxima que compõe o repertório da
população humilde, ela retrata a necessidade diária de correr atrás da
própria subsistência – sim, existe um mundo além do cartão de crédito do
papai, galera de Copacabana beach. Portanto, ao contrário do que
poderia imaginar o eleitor médio do Freixo, pobre gosta é de capitalismo
(bem selvagem, de preferência). Ele quer que muitos empresas sejam
inauguradas no município, para que ele não precise engrossar as
estatísticas dos desempregados. Quem sabe, dependendo das condições, ele
mesmo não inaugure seu próprio negócio – se a regulação estatal
permitir, claro.
E sim,
pobre reza para arranjar ou manter o seu trabalho, ainda que seja varrer
a rua, cortar grama ou lavar louça (quantas novidades hoje, hein, Zona
Sul?). Aliás, só quem nunca mesmo executou um trabalho mais modesto (ou
algum trabalho, qualquer que seja) pode considerar humilhação
desenvolver tais atividades. Meu avô, sapateiro, costumava dizer que
“todo trabalho honesto é digno” – e é bem melhor do que ficar dependendo
de bolsa-esmola. E como bom comportamento ajuda a assegurar um
currículo profissional decente, é óbvio que, ao contrário do filhinho de
papai comuna e do sindicalista militante, o pobre trabalhador não pode
se dar ao desplante de faltar o serviço para bradar “Fora Temer” em
plena quarta-feira à tarde, sob o risco de seus filhos ficarem sem pão.
Até porque “Deus dá o pão, mas não amassa a farinha”. Neste contexto, no
departamento de RH, o crente que só toma refrigerante e dorme cedo
larga na frente do ateu baladeiro maconheiro. Graças a Deus.
3) “Em
algum lugar ele vai pagar pelo que fez”: A crença no post-mortem também
desempenha importante papel de lenimento da alma. Tomar ciência no
noticiário de tanta roubalheira, assistir crimes acontecendo da janela
de casa e seguir caminhando, não é tarefa das mais simples. Neste
sentido, acreditar que a vida não se resume ao plano físico pode evitar
que uma pessoa menos favorecida enlouqueça e jogue tudo para o alto de
seu barraco. Segundo consta, aliás, Deus não daria uma cruz mais pesada
do que aquela que conseguimos carregar; Deus está vendo tudo; e por aí
vai. Ou seja, esta esperança em um estágio posterior de existência pode
salvar uma pessoa de entregar-se às drogas e à libertinagem total – o
que, por conseguinte, poderia jogá-la na dependência do Estado (o
pessoal da cracolândia do Haddad e sua mesada que o digam).
Ademais,
se nossa existência, conforme doutrinas espirituais as mais diversas,
não está restrita a este corpo humano, não resta motivo para sair
“curtindo a vida” por aí como se não houvesse amanhã (já que,
contrariamente ao que acreditavam alguns fãs de Renato Russo, para 99%
de nós, há um amanhã, sim – e ele vem com contas a pagar). Neste
cenário, pode-se vislumbrar uma redução do uso de entorpecentes, de
gravidezes precoces indesejadas e abortos. Curtir a experiência carnal
de forma descontrolada torna-se, pois, desnecessário nesta conjuntura. E
isso é muito salutar para quem não tem a vida ganha, diferentemente da
maioria do pessoal que “fecha com Freixo”.
Trocando
tudo em miúdos: foi-se o tempo em que o rebanho da Esquerda era
composto pelas camadas mais desvalidas de nosso povo. Ele agora
reduziu-se a “intelectuais” e artistas engajados, em um processo no qual
os pobres, em sua maioria, abriram os olhos, mesmo em meio a tanta
dificuldade, e perceberam que “gostar dos pobres” é muito diferente de
“gostar da pobreza”, e dela fazer uso eleitoral. E, aparentemente, o
pessoal que quer “mudar o mundo” ainda não percebeu que a galera do
morro está mais preocupada com saúde e transporte do que com a
liberalização das drogas e a ideologia de gênero.
Deduzo,
pois, que tanto o fato de o novo prefeito do Rio de Janeiro ser um
membro de uma instituição religiosa, quanto a circunstância de que seu
rival representava tudo aquilo que mantém os pobres atolados na pobreza
indefinidamente (vide a vizinha Venezuela), contribuíram para o
resultado das urnas no domingo. E isso, por acaso, significa que os
pastores evangélicos vão tomar conta do Brasil? Não creio. Acredito, tão
somente, que o eleitor médio do Rio já estava de saco cheio de
“progressismo”, e apenas valeu-se que um representante da instituição
que costuma ajudá-lo a viver a vida de forma menos padecida era
candidato, e votou nele. Crivella possivelmente não teria a vida tão
facilitada contra outros políticos que ficaram pelo caminho no 1º turno
(por muito pouco, e graças ao “voto inútil” dos Conservadores).
Sempre
ouvi de esquerdistas que “os crentes são massa de manobra” de
espertalhões de bom papo. Está bastante raso esse exame, viu,
companheiros. É mais crível afirmar que as elites econômicas e
intelectuais do Brasil é que estão apenas servindo aos propósitos de
quem quer ver o Estado intrometendo-se em cada aspecto de nossas vidas e
espalhando-se feito um câncer oneroso. Não por acaso, nos Estados
Unidos, país cuja população atingiu níveis de prosperidade inéditos na
história da humanidade (gerando, destarte, muita elite culpada), a
Esquerda avança como nunca dantes.
Em suma:
não é forçoso ajoelhar e rezar para fazer o capeta comunista ir embora
do Brasil. Mas que o exorcismo operado ontem no Rio de Janeiro fez
William Friedkin sentir inveja, ah, isso fez…
O
marxismo sempre viu no cristianismo um adversário para suas pretensões
totalitárias. Como aquele nega qualquer transcendência, seu paraíso deve
se realizar neste mundo por meio do controle total. Seu absolutismo não
admite concorrência. Segundo Lenin, “a guerra contra quaisquer cristãos
é para nós inabalável. Não cremos em postulados eternos de moral, e
haveremos de desmascarar o embuste”. Acho que o tiro saiu foi pela
culatra…
Encerro
indicando este vídeo de Dennis Prager, no qual ele relaciona a evolução
do Ocidente com princípios religiosos – notadamente a noção de respeito à
autoridade, tão em falta nos dias atuais (para regozijo dos marxistas).
Cinco minutos para ajudar a entender, grosso modo, o que ocorreu no RJ:
BLOG ORLANDO TAMBOSI
Nenhum comentário:
Postar um comentário