MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 26 de junho de 2016

Êxito da Lava-Jato é consequência da revolta do povo contra corrupção


Charge do Tacho, reprodução do Jornal NH
Pedro do Coutto
Numa entrevista à repórter Tânia Monteiro, de O Estado de São Paulo, edição de sábado, o presidente Michel Temer afirmou que a operação Lava-Jato não vai permanecer no país pelo resto da vida, mas assinalou que deve prosseguir enquanto houver irregularidades e que não haverá qualquer interferência nos trabalhos  que estão passando o Brasil a limpo. Perfeito. A declaração está correta, cabendo apenas a ressalva, a meu ver, quanto a palavra irregularidades. Melhor seria que o chefe do Executivo tivesse usado a palavra corrupção, de efeito mais real e mais forte junto à opinião pública. Pois foi a corrupção que invadiu o país nos últimos dez anos que levou a operação Lava-Jato a frente, sempre respaldada no apoio ´popular crescentemente atingido. A corrupção tornou-se, ao mesmo tempo, um vendaval e um maremoto sufocando o país e contribuindo fortemente para paralisação das atividades econômicas, com destaque para uma sensação de falta de esperança. Ela se espalhou por quase todas as partes do tecido nacional, partindo da Petrobras, passando pela construção dos estádios da Copa de 14 e atingindo até os empréstimos consignados para funcionários públicos, tudo isso sem contar com os escândalos dos Fundos de Pensão.
A Lava-Jato assim é efeito, e não causa, de um processo que estabeleceu um recorde difícil de ser batido, pelo menos no Brasil. Neste ponto cabe destacar o trecho da entrevista em que Michel Temer se refere a Eduardo Cunha, dizendo que ele não atrapalha em nada . Há umas três semanas, acrescentou, ele esteve comigo. Fizemos uma análise deste quadro dramático. Tânia Monteiro colocou esta frase entre aspas, frisando assim que foi proferida literalmente por Temer.
CUNHA NÃO ATRAPALHA? – Questionável a colocação de que Eduardo Cunha não atrapalha.  Pelo contrário, atrapalha e muito. Basta ver que o processo da cassação de seu mandato contribui sensivelmente para reduzir os trabalhos da Câmara dos Deputados. Além disso, criou  um fato até então inédito na história nacional. Um presidente da Câmara foi afastado do cargo pela unanimidade do Supremo Tribunal Federal, que, ao mesmo tempo, o suspendeu do exercício do mandato. E a Corte Suprema, aceitando denúncias do Procurador Geral Rodrigo Janot, já o incluiu no rol dos réus em dois processos. Lógico, portanto, que a luta de Cunha na tentativa de escapar a cassação prejudica fortemente o governo e o país. Não importa que ele tenha sido o ator principal do pedido de impeachment contra Dilma Rousseff.
Isso foi ontem, hoje a realidade é outra. A política e a própria vida são assim. Não fossem as mudanças e os imprevistos tudo ficaria protegido pela inércia física dos fatos. Não adianta procurar contradições dentro de uma atividade, como a política, contraditória em si mesma. Mas esta é outra questão.
AVANÇOS E RECUOS – A entrevista de Temer está marcada por avanços táticos e recuos estratégicos. É de seu estilo, ele nunca produz afirmações capazes de bloquear o caminho de revisões de conceitos. Por isso mesmo torna-se muito importante a declaração que fez sobre a Lava Jato, a partir da constatação de que a iniciativa está passando o Brasil a limpo.
Com relação aos processos que tramitam no TSE no sentido de anular as eleições de 14, Temer prudentemente sustenta que muitos (não disse quem) acham que deve prevalecer a separação das contas da campanha eleitoral. Ou seja: separar as contas de Dilma Rousseff e as contas dele, Michel Temer.  Portanto, a ressalva funciona como um argumento para defender seu mandato até o final de 2018 já que nesta altura da ópera, ninguém acredita no retorno de Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto.
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