Após
uma criança de 11 anos ter se desentendido com um colega de classe e o
chamado de "bicha reclamona", a diretora de um colégio, na Zona Norte do
Rio, para explicar o que era homossexualidade, decidiu exibir imagens
na Internet com sexo entre dois homens. O caso aconteceu em março, no
colégio JR Lages, no Cachambi. Os pais da criança repudiaram a atitude
da diretora. "Nós fomos falar com a diretora para ver se tinha sido isso
mesmo. Ela falou que fez isso sim e que ele só aprendia desse jeito. Em
nenhum momento ela pediu desculpas", contou Romilto de Souza Júnior,
41, pai do aluno do 6º ano. Em áudio obtido pelo DIA com exclusividade, a
diretora Wanda Trindade Pereira confirma, durante a gravação, que
mostrou imagens de sexo para a criança. "O pouco que eu mostrei pra ele
foi buscando que ele entendesse o que estava falando, porque talvez ele
não estivesse entendendo. E as crianças ficaram ofendidas com ele".
"Mostrei sim. Abri e mostrei. Conversei com ele sobre isso. Não é
possível que ele tivesse ofendendo os colegas dessa maneira." Em um
determinado momento da conversa, os pais tornam novamente a questionar a
atitude drástica da diretora e ela confirma que a decisão partiu dela.
"Na verdade, volto a repetir, quem abriu a página fui eu. Atitude
radical foi minha, entenda bem." "A gente se coloca e se posiciona. A
gente tenta colocar as coisas como são, não tem meias palavras. Não
houve intenção de desrespeitar". "Foi pesado e radical o que fizemos,
mas a gente assume", enfatiza ela. De acordo com Romilto, um boletim de
ocorrência foi registrado na Delegacia da Criança e Adolescente Vítima
(DCAV).
Ainda
conforme o pai da criança, o caso foi parar na Justiça e a diretora não
compareceu à primeira audiência. Segundo Romilto, ele só decidiu levar o
caso para o tribunal quando viu que a diretora negou o ocorrido em
depoimento feito na delegacia. Questionado se o pai aprova o
comportamento da criança de ofender os colegas de classe, o ele foi
taxativo. "Nós conversamos bastante, inclusive quando ele chamou a
criança de "bicha reclamona". Não foi esse o intuito de ofender o
coleguinha chamando de homossexual. Isso não estaria caracterizando um
ataque aos homessexuais", disse. O ex-aluno do colégio JR Lages está
sendo acompanhado pelo Conselho Tutelar e por uma psicologa do estado.
"Ele está tendo consultas em relação a tudo isso que aconteceu com ele. A
própria psicóloga está estrando em detalhes e explicando exatamente o
que é homessexualidade e tudo o mais", relatou Romilto. José Roberto
Lages, dono da instituição, negou o ocorrido em seu colégio. "Todo
atendimento com aluno é realizado com mais uma pessoa. E essa pessoa já
declarou que não houve nada. A diretora tem mais de 20 e poucos anos no
cargo. O que foi mostrado foi a parte educativa. Isso não existe, o
atendimento nunca foi feito sozinho, sempre com duas pessoas". O dono do
JR Lages explicou que o que foi mostrado foram apenas imagens da área
de Ciências, como o órgão reprodutor masculino. "Apenas mostramos o que
já existe nos livros. Esse garoto tem o costume de dar chutes nos
testículos dos colegas. Ele já tem um histórico problemático. Eu posso
te garantir que não houve nada disso, o Conselho Tutelar vai chamá-los
com a documentação que nós apresentamos, é um menino problemático. De 56
dias letivos, ele teve 74 ocorrências. Só de advertências ele teve 14",
enfatizou. Lages informou ao DIA que vai entrar na Justiça contra os
pais da criança por crime de calúnia e difamação.
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