UM MERGULHO NO FUNDO DO MAR
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) levará para a 68ª Reunião Anual da SBPC, em Porto Seguro
(BA), um pouco do que representa a riqueza e a diversidade do Banco de Abrolhos.
Localizado no Oceano Atlântico, no sul do litoral da Bahia, o
Banco dos Abrolhos é o maior complexo
coralíneo do Atlântico Sul e tem uma área de aproximadamente 46 mil
Km2, equivalente ao território do Estado da Paraíba. Essa região é
foco de importantes pesquisas realizadas pela Rede Abrolhos, um sítio do
Programa de Pesquisa Ecológica da Longa Duração (PELD) do CNPq.
No estande do CNPq na Expotec, espaço onde estão
expostos os trabalhos dos Institutos e das Agências do Ministério da Ciência,
Tecnologia, Inovações e Comunicações, serão apresentados, entre os dias 4 e 9 de
julho, imagens, vídeos e materiais biológicos que mostrarão as pesquisas e os
resultados do trabalho realizado no Arquipélago.
Professores e estudantes de pós-graduação do
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), vinculado à
Rede Abrolhos, além de técnicos do CNPq estarão durante todo o dia apresentando
e explicando o projeto para os visitantes.
Além disso, no dia 6 de julho, quarta-feira, será
lançado, no espaço Café Científico da Expotec o documentário "Banco dos
Abrolhos: maior complexo coralíneo do Atlântico Sul", com palestras dos
pesquisadores Prof.
Fernando Coreixas de Moraes (bolsista doutorado CNPq), Prof. Dr. Gilberto
Amado-Filho (JBRJ), Prof. Dr. Alex Bastos (bolsista doutorado CNPq) (UFES),
Prof. Dr. Rodrigo Moura (UFRJ) e Profª. Fernanda Cervi dos Santos (JBRJ).
Confira a entrevista
com o Prof. Gilberto Amado-Filho sobre esse trabalho:
Como
surgiu o PELD Abrolhos? E quais são os principais resultados já
obtidos?
O
PELD Abrolhos surgiu da necessidade de darmos continuidade ao financiamento das
atividades da Rede Abrolhos que já estava realizando o mapeamento e o
monitoramento dos recifes coralíneos de Abrolhos desde 2001. Os principais
resultados obtidos nos últimos anos estão relacionados à descrição de novos
megahabitats como os recifes mesofóticos e os bancos de rodolitos e a
determinação as alterações observadas na estrutura dos recifes em face aos
diferentes tipos de estressores que vem se intensificando nas últimas décadas
(sobre-pesca, aumento do aporte de sedimentos em função do desmatamento e das
dragagens na região costeira e o aumento da temperatura da água em função das
anomalias térmicas associadas às mudanças climáticas).
O
tema da SBPC é "Sustentabilidade Tecnologias e Integração Social", como a gestão
ambiental pode contribuir para o desenvolvimento sustentável do
país?
A
gestão ambiental é o grande desafio. Exploração dos recursos naturais de maneira
sustentável só é possível com democracia, ou seja, participação de todos os
setores no processo decisório sobre as atividades econômicas relacionadas ao
ambiente em questão. Os recifes coralíneos são os ecossistemas mais ameaçados no
mundo em função de sua fragilidade. No caso do Banco dos Abrolhos, as reservas
extrativistas (Cassuraba, Corumbau e Canavieiras) são exemplos de
desenvolvimento sustentável e integração social, entretanto, para sua efetiva
implementação e funcionamento é necessário de apoio institucional estável e de
longo prazo.
Quais
os próximos passos do projeto?
Nossas
principais metas de curto prazo estão relacionadas a avaliação do branqueamento
dos corais ocorrido recentemente em função dos efeitos das anomalias térmicas
dos últimos dois anos. O quanto do recife coralíneo efetivamente morreu? Qual a
capacidade de recuperação dos recifes de Abrolhos a elevações de temperaturas a
mais de 2, 3 graus centigrados acima das médias? Os recifes coralíneos de
Abrolhos ainda estão em crescimento? Essas são algumas das perguntas que
pretendemos responder a curto prazo. Outras questões que estamos endereçando
estão relacionadas ao mapeamento de habitats ainda desconhecidos em ambiente
profundos e também a paleoecologia dos recifes, ou seja, como os recifes eram
estruturados em períodos geológicos passados. O entendimento da evolução da
estrutura dos recifes nos últimos 50 mil anos pode nos ajudar a entender como os
recifes coralíneos de Abrolhos responderão às mudanças bruscas de temperatura e
nível do mar que devem ocorrer nas próximas décadas.
O
PELD E A REDE ABROLHOS
O PELD é um programa do CNPq que representa
uma iniciativa pioneira ao articular, desde 1999, uma rede de sítios de
referência para a pesquisa científica no tema de Ecologia de Ecossistemas. Por
meio do PELD, o CNPq fomenta a geração de conhecimento qualificado sobre os
nossos ecossistemas e a biodiversidade que abrigam. Atualmente, a rede PELD
conta com 30 sítios de pesquisa, dentre eles a Rede Abrolhos. Para
alcançar seus objetivos, a Rede Abrolhos integra iniciativas de pesquisa,
capacitação, formação de recursos humanos e gestão ambiental desenvolvidas por
um amplo leque de instituições, incluindo órgãos gestores de diferentes esferas,
organizações não-governamentais, instituições locais de ensino (nível médio),
universidades e institutos de pesquisa.
Hoje, sítio do PELD, a Rede Abrolhos recebe apoio
do CNPq desde 2011, com financiamento por meio do Sistema Nacional de Pesquisa
em Biodiversidade (SISBIOTA), entre 2011 e 2014. Outro projeto importante da Rede Abrolhos que
tem o apoio recente do CNPq é o “Monitoramento das mudanças climáticas no Banco
dos Abrolhos - maior recife coralíneo do Atlântico Sul”.
As pesquisas da Rede Abrolhos vêm mapeando os
diversos habitats e monitorado a saúde dos recifes de Abrolhos. Os estudos
englobam desde algas unicelulares que vivem em simbiose com corais, experimentos
de acidificação dos oceanos, descoberta de espécies novas de plantas e animais,
até mapeamentos de grande escala geográfica no sul da Bahia e norte do Espírito
Santo.
Com recifes de crescimento singular no mundo, que
lembram a forma de cogumelos e são conhecidos localmente como chapeirões, o
Banco dos Abrolhos abriga uma rica biodiversidade marinha, incluindo espécies
endêmicas ou seja, restritas à região. Nessa região, algas calcárias, corais e
briozoários contribuem fortemente para a fixação do calcário (carbonato de
cálcio) nos recifes rasos e profundos, assim como no maior banco de rodolitos
(nódulos calcários formados por algas calcárias) do mundo. A rotina de pesquisas
em campo inclui o uso de sonar de varredura lateral, coleta de amostras de fundo
por dragagem e mergulho científico, gerando dados ambientais que auxiliam na
formulação de políticas públicas para a conservação da natureza. Conheça mais em
www.abrolhos.org
A 68ª REUNIÃO ANUAL DA SBPC
A
68ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)
ocorrerá de 03 a 09 de julho de 2016, no campus Sosígenes Costa da Universidade
Federal do Sul da Bahia (UFSB), em Porto Seguro, BA. O tema deste ano é
“Sustentabilidade, Tecnologias, Integração Social”.
Realizada
desde 1948, com a participação de representantes de sociedades científicas,
autoridades e gestores do sistema nacional de ciência e tecnologia, a Reunião
Anual da SBPC é um importante fórum para a difusão dos avanços da ciência nas
diversas áreas do conhecimento e um fórum de debates de políticas públicas para
a ciência e tecnologia.
A
programação científica é, geralmente, composta por conferências, mesas-redondas,
encontros, sessões especiais, minicursos e sessões de pôsteres. Também são
realizadas outras atividades, como a SBPC Jovem (programação voltada para
estudantes do ensino básico), a ExpoT&C (mostra de ciência e tecnologia) e a
SBPC Cultural (apresentação de atividades artísticas regionais e discussões
sobre temas relacionados à cultura).
A
cada ano a Reunião Anual da SBPC é realizada em um estado brasileiro, sempre em
universidade pública. O evento reúne milhares de pessoas - cientistas,
professores e estudantes de todos os níveis, profissionais liberais e
visitantes.
Coordenação de Comunicação Social do CNPq
Mariana Galiza
61 99304-1740
61 3211-9414
"O
emitente desta mensagem é responsável por seu conteúdo e endereçamento. Cabe ao
destinatário cuidar quanto ao tratamento adequado. Sem a devida autorização, a
divulgação, reprodução, distribuição ou qualquer outra ação em desconformidade
com as normas internas do CNPq são proibidas e passíveis de sanção disciplinar,
cível e criminal".
"The
sender of this message is responsible for its content and addressing. The
receiver shall take proper care of it. Without due authorization, the
publication, reproduction, distribution or the performance of any other action
not conforming to CNPq internal policies and procedures is forbidden and liable
to disciplinary, civil or criminal sanctions."
Nenhum comentário:
Postar um comentário