Michel Temer errou e passou a correr riscos desnecessários ao forçar a
mão para que o PMDB rompesse com o governo, acelerando o processo de
impeachment. A opinião é do presidente do Senado, Renan Calheiros, que
chegou a dizer a outros parlamentares que o vice-presidente "foi muito
burro". Calheiros diz que, ao se colocar como contraponto de Dilma
Rousseff, o vice se posicionou na linha de tiro e atraiu para ele os
ataques dos que são contrários ao impeachment. Disse Calheiros aos
senadores que, em Alagoas, seu Estado natal, 80% eram a favor da saída
da presidente. Mas, com Temer do outro lado da linha, o entusiasmo das
pessoas esmoreceu. Michel Temer teria também "enchido a caneta" de Dilma
de tinta, abrindo espaço para que ela fizesse centenas de nomeações
para atrair aliados em cargos antes ocupados pelo grupo do vice no
governo. O presidente do Senado acha que Temer deveria ter agido como
Itamar Franco, vice que assumiu a Presidência no lugar de Fernando
Collor depois do impeachment, na década de 1990: o mineiro ficou nas
sombras e esperou o governo cair no colo dele. Jaques Wagner,
ministro-chefe do gabinete pessoal de Dilma, defende que o PMDB fique
com apenas dois ministérios no governo, abrindo ainda mais espaço para
partidos menores que se declarem fiéis ao governo. Kátia Abreu, da
Agricultura, por exemplo, deixaria o cargo, já que não tem influência na
Câmara dos Deputados, onde o impeachment da presidente será decidido.
(Mônica Bergamo)
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