O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou neste sábado (2) em Fortaleza o entendimento de que o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff é um golpe e afirmou que o vice-presidente Michel Temer, por ser jurista, tem essa noção também.
“Ele [Temer] é um constitucionalista, professor de Direito, sabe que o que estão fazendo é golpe e sabe que vão cobrar isso do filho e do neto dele. A forma mais vergonhosa de se chegar ao poder é tentar encurtar um mandato, dando um golpe contra uma mulher da qualidade e da seriedade da presidente Dilma Rousseff.”
Em uma parte de seu discurso, Lula disse que perdeu muitas eleições e que queria descansar, mas que vai não permitir “que haja golpe” no Brasil. "A melhor maneira de chegar ao poder é disputar eleições, ganhar eleições. Eu sou a experiência disso. Perdi muitas eleições, e quero que eles aprendam isso” disse.
O vice-presidente Michel Temer rebateu as declarações de Lula. Por meio de nota, a assessoria do vice-presidente declarou que “justamente por ser professor de direito constitucional, Michel Temer tem ciência de que não há golpe em curso no Brasil”.
lula em fortaleza
Multidão acompanhou Lula neste sábado
Clima de ódio
Lula também disse que o país vive um “clima de ódio”, nunca foi visto por ele durante sua trajetória política. “Será que é ódio pelo Minha Casa Minha Vida, pelo Bolsa Família? Eles precisam explicar por que [têm] tanto ódio da primeira mulher que governa este país. Resolveram tentar encontrar uma via fácil para derrubá-la. Foi só a coitada da Dilma começar a andar de bicicleta eles inventaram de cassar ela por conta de uma pedalada”, ironizou.
As chamadas pedaladas fiscais (atrasar repasses a bancos públicos referentes ao pagamento de benefícios de programas sociais) é um dos argumentos dos autores do pedido de impeachment da presidente.
"Estou estranhando um pouco o que tá acontecendo no nosso país. Completei 70 anos de idade. Vivo nesse país fazendo política há 50 anos e nunca vi o clima de ódio estabelecido agora neste país. Parece que neste país tem duas coisas: aqueles que amam a democracia, aqueles que gostam de fazer política, que são do PT, do PCdoB, das centrais sindicais, e aqueles que são contra nós. Aqueles que têm as revistas, os jornais, a televisão, que são na verdade os responsáveis por esse clima de ódio que está estabelecido neste país", disse.