Se o impeachment fosse votado hoje no Senado, nem o governo Dilma Rousseff (PT) nem a oposição estariam seguros em relação à quantidade de votos necessários aos interesses de cada lado, mas a presidente está em vantagem comparativa. Por isso, após a saída do PMDB, o governo vem costurando novas alianças com velhos parceiros para também garantir uma maior adesão não apenas de deputados, mas também de senadores (veja matéria ao lado).
Levantamento feito pelo movimento “Vem pra Rua”, favorável ao impeachment, aponta que Dilma precisa angariar apenas mais dois votos para impedir que seja afastada do cargo e dê lugar ao vice Michel Temer (PMDB).
Isso porque ela conta com o apoio de 26 senadores e, para impedir que seja cassada, são necessários 28 votos. A maioria dos senadores (36), de diversos partidos, é a favor da queda de Dilma, enquanto 19 ainda estão indecisos e são barganhados pelos dois lados.
Dentre os que ainda não manifestaram o posicionamento, há parlamentares de oito legendas diferentes, e um deles, Delcídio do Amaral, ex-PT, está sem partido.
Antes de o julgamento final dos senadores – caso o impeachment chegue até essa fase – será preciso que, por maioria simples, eles aceitem ou não a denúncia que poderá ser apresentada pela Câmara dos Deputados.
Atualmente, a comissão do impeachment na Câmara elabora relatório para apresentar aos deputados, que votarão em plenário o texto final, na próxima semana.
Antes, porém, na segunda-feira, a defesa da presidente Dilma Rousseff apresentará a argumentação contra os pontos do pedido de impeachment, que fará parte desse relatório.

Cenário partidário
Se a análise dos votos no Senado for feita por sigla partidária, levando-se em conta não os senadores individualmente, mas as forças que compõem a oposição, o governo e os movimentos pró e contra o impeachment de Dilma, o cenário muda.
Os apoiadores da petista somariam 30 votos, a oposição 47 – quatro estão sem partido.
Com isso, a oposição, com maioria simples, não teria problemas para instaurar o processo no Senado mas, ao mesmo tempo, os governistas já teriam votos suficientes (dois terços) para impedir a cassação de Dilma.
Ao contrário da Câmara dos Deputados, em que o presidente Eduardo Cunha é oposição a Dilma, no Senado o presidente Renan Calheiros (ambos do PMDB) se posiciona mais favorável à presidente, mas não inspira total confiança ao governo.
Mapa da democracia
Levantamento feito pelo Mapa da Democracia, movimento contra a derrubada de Dilma, aponta que a comissão do impeachment na Câmara dos Deputados tem 30 votos contra a presidente, 21 a favor e 14 indecisos.