Com impressora 3D, empresa de SC faz prótese de mão para menino

Pai encontrou modelo na internet, e produto foi confeccionado no Brasil.
Enquanto próteses custam até R$ 600 mil, as desse tipo saem por R$ 2 mil.

Joana Caldas Do G1 SC

Modelos das peças da prótese foram encontrados
na internet (Foto: bk3D/Divulgação)

Depois de pesquisar várias próteses para a mão direita do filho Lucas, de 11 anos, Nilmard Kosby, morador de Florianópolis, conseguiu chamar a atenção do garoto com um modelo americano que achou na internet. Com ajuda de uma empresa de Florianópolis, ele conseguiu que a prótese fosse confeccionada em uma impressora 3D. "Parecia uma mão de boneco, quase uma brincadeira, uma coisa lúdica".
Além de agradar o filho, a  opção da impressão 3D trouxe economia a para a família de Lucas. Enquanto as próteses com movimento do mercado costumam custar entre R$ 15 mil e R$ 600 mil, a de impressão tem o valor médio de R$ 2 mil.
"Quando o Lucas perdeu a mão [em um acidente, aos 3 anos], logo a gente começou a pensar em alguma coisa", diz o pai. Nos últimos meses, Nilmard viu próteses disponíveis no mercado. Algumas delas eram somente estéticas, sem movimento. Outras mexiam em formato de pinça. Também havia as robóticas, experimentais, ainda muito caras.
Lucas, porém, não demonstrou interesse por nenhuma, conta o pai. A busca passou de lojas especialzadas de Florianópolis para a internet. "Vi informações de uma ONG que tinha um projeto de mão de plástico. Mostrei para o Lucas e ele teve interesse".
Mão de herói
A ONG, Enabling the future, algo como "estimulando o futuro", é norte-americana e disponibiliza gratuitamente para download arquivos para que qualquer pessoa com acesso a uma impressora 3D possa fazer peças para próteses. O diferencial, além de elas serem mais baratas do que as oferecidas no mercado, são os modelos divertidos, coloridos. Alguns são mãos de super-heróis.

Barbantes tracionados são usados para possibilitar o movimento (Foto: bk3D/Divulgação)

Trabalho com a empresa
Nilmard continuou a busca na internet, desta vez por uma empresa que fizesse impressão 3D. Encontrou a bk3D, de Charles Facchini, que já trabalhava com dispositivos médicos e abriu uma produção especializada, ou um "spin-off", como disse Facchini, para esse tipo de impressão.
Depois das primeiras conversas, foram feitas medições em Lucas para que a prótese na mão direita ficasse proporcional ao braço esquerdo dele. Foi feita a primeira impressão e outras depois, para fazer a adaptação ao corpo dele. "Como o Lucas não tem nenhuma parte da mão, a maioria das próteses não funcionaria. Ele precisa usar a articulação do cotovelo para o abre e fecha", explica Facchini.
As peças impressas são de plástico, conhecido comercialmente como ABS, e são usados barbantes tracionados para fazer o movimento de fechar da mão. Para ter esse resultado, Lucas precisa dobrar o cotovelo.

Aspecto lúdico da prótese chamou a atenção do menino (Foto: bk3D/Divulgação)

Bastaram cinco munutos para que o menino se adaptasse ao aparelho e conseguisse pegar pequenos objetos, como uma caneta, diz Facchini. Todo o processo de fabricação da prótese, desde as primeiras conversas, durou cerca de 70 horas, distribuídas em cerca de um mês. Tudo ficou pronto e foi entregue a Lucas em junho.
Eventualmente, o menino usa a prótese. "Usa de vez em quando, quando está com vontade", diz o pai. "Para andar de bicicleta é bom. Com a mão de plástico, ele anda retinho", conta Nilmard.