Sem professores, pais protestam em frente de escola no interior do AC

Manifestantes também denunciaram falta de estrutura.
Coordenação de ensino diz que teve problemas na lotação de professores.

Taís Nascimento Do G1 AC

Pais pedem melhoria em condições da escola e também professores (Foto: Taís Nascimento/G1)

Pais e alunos da escola de ensino fundamental Coronel Contreiras, em Cruzeiro do Sul, distante 648 quilômetros de Rio Branco, se reuniram em uma manifestação na manhã desta sexta-feira (27) devido à suspensão das aulas por falta de professor. De acordo com a direção da escola, a decisão foi tomada pelo conselho por conta da falta de três profissionais. Os pais também denunciaram a falta de estrutura do local.
A escola é a única existente no conjunto Camaru, no bairro Tiro ao Alvo. Sem professores, mais de 200 alunos não podem seguir o calendário escolar.  "Nosso filhos estão cada vez mais atrasados por isso. A aulas já começaram tarde e vai ficar cada vez mais complicado", relata Rosângela Tavares de Souza, de 36 anos, mãe de quatro alunos da escola.
A dona de casa também destaca outros problemas que os estudantes têm passado. "Não temos professor, a escola está prestes a cair e não tem muro para garantir a segurança das crianças. Para nós, pais e mãe, isso é uma tragédia", reclama.

Mãe de uma aluna que precisa de cuidados especiais, Maria José Nascimento, de 45 anos, diz que a menina sente falta da escola. "Ela fica triste, isso é um absurdo. Me dá vontade de chorar, porque não tive a oportunidade de aprender, mas quero que meus filhos tenham. Ela não fala, mas pega cadernos e livros e ficam com ele em cima do sofá", conta.
O coordenador de ensino da escola, Auricélio Benvindo, reconhece o atraso nas aulas. Segundo ele, as atividades escolares começaram normalmente na segunda (23), porém tiveram que ser interrompidas na quinta-feira (26) devido à falta de três professores.
"A coordenação diz que está esperando sair no Diário Oficial. Todos os dias os pais perguntam a mesma coisa e a gente nem sabe mais o que responder", destaca.
Sobre a estrutura, o coordenador diz que há uma placa de 2000 anunciando a reforma, porém a escola nunca recebeu o dinheiro para isso. Ele destaca ainda que muitos pais acabam pedindo a transferência dos filhos por estarem insatisfeitos com a escola. Cerca de 230 alunos devem ser prejudicados com a suspensão das atividades.
"A gente vem apertando o calendário, sem saber como vamos recuperar esses dias. Como trabalhamos três dias, tem nove para serem reencaixados no calendário. Ou seja, seriam três sábados seguidos para essas crianças que estão sem aula", destaca.
O coordenador regional de Educação no Juruá, Charles André, assumiu que a cidade passa por algumas dificuldades. "A princípio faltou 5% da lotação de professores em Cruzeiro do Sul. É uma reclamação justa. Mas, a gente recebe com muita tranquilidade a reclamação, mas, infelizmente temos um prazo a ser cumprido", explica.
Charles diz ainda que após a convocação, houve professores que desistiram, apresentaram laudos médicos ou permutas para mudarem de cidade. "Estamos estudando um plano B para que na segunda nenhuma criança precise voltar para a casa. Vamos lotar professores provisoriamente até que o quadro seja normalizado", garante.
A coordenação ressaltou ainda que aguarda edital de convocação, que deve ser publicado no Diário Oficial nos próximos dias. Sobre os problemas estruturais, Charles disse que devido à situação financeira do estado, a Educação deve estipular prioridades.

Mais de 200 alunos estão sem aulas na escola (Foto: Taís Nascimento/G1)