(Correio) Último bastião do governo Dilma Rousseff, o baixo índice de desemprego
não resistiu à estagnação do país e começou sua derrocada, em linha com
todos os outros indicadores econômicos, que se deterioraram antes. O ano
começou com demissões em massa e, até que termine, mais de 1,2 milhão
de trabalhadores terão perdido seus empregos, conforme a consolidação
de estimativas dos principais setores da economia. O nível de
desocupação cresce assustadoramente no país, algo decorrente não só da
Operação Lava-Jato e da suspensão de pagamentos da Petrobras a
fornecedores, como quis minimizar o ministro do Trabalho, Manoel Dias,
ao divulgar o resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(Caged) de fevereiro. Os dados apontaram o fechamento de 84 mil postos
de trabalho apenas no primeiro bimestre do ano.
Desde o fim do ano passado, vários setores estão demitindo fortemente
(leia quadro). Além das empresas vinculadas à Petrobras, o setor
automotivo, a construção civil, os serviços, as mineradoras e as
metalúrgicas também estão em maus lençóis por conta da fraca atividade
econômica do país. Em 2014, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil
ficou estagnado, com avanço de apenas 0,1%, de acordo com dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para 2015, a
perspectiva do mercado é de retração de 1,5%, enquanto o Banco Central
estima queda de 0,5% no PIB.
Os setores produtivos mais afetados pela conjuntura econômica iniciaram
as demissões para cortar custos. A construção civil, que já demitiu 250
mil trabalhadores nos últimos cinco meses, deve fechar mais 300 mil
postos em 2015, projeta o Sindicato das Indústrias da Construção Civil
(Sinduscon-SP). O Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada
estima que, pelo menos, 20,1 mil trabalhadores de 38 empresas, em sete
projetos da Petrobras, tenham sido demitidos nos últimos meses. Quase 2
mil mineradores perderam seus empregos. O setor automotivo, que já
demitiu 12,4 mil pessoas em 2014, deve cortar mais 350 mil vagas. Apenas
em fevereiro, o setor de serviços, o que mais emprega no país, fechou
quase 200 mil postos de trabalho.
O setor de serviços foi o que mais dispensou em fevereiro, de acordo com o IBGE, com queda de 3,7% no número de empregados e dispensa de 165 mil pessoas. O auxiliar de cozinha Patricio Wanderson, de 26 anos, perdeu o emprego porque o restaurante em que trabalhava fechou as portas. Ozinelia Barros da Fonseca (foto), de 49 anos, conta que a idade atrapalha a recolocação. “É mais uma barreira, como se a gente não tivesse mais utilidade. Fui caixa de supermercado, mas me demitiram quando acabou o contrato de experiência”, diz ela, que procura vaga desde outubro.
O setor de serviços foi o que mais dispensou em fevereiro, de acordo com o IBGE, com queda de 3,7% no número de empregados e dispensa de 165 mil pessoas. O auxiliar de cozinha Patricio Wanderson, de 26 anos, perdeu o emprego porque o restaurante em que trabalhava fechou as portas. Ozinelia Barros da Fonseca (foto), de 49 anos, conta que a idade atrapalha a recolocação. “É mais uma barreira, como se a gente não tivesse mais utilidade. Fui caixa de supermercado, mas me demitiram quando acabou o contrato de experiência”, diz ela, que procura vaga desde outubro.
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