Famílias transformam jazigos em 'casinhas', com telhado, grades e jardins.
Para transformar as sepulturas, familiares investem mais de R$ 10 mil.
Boa parte das sepulturas pode ser confundida com a frente de uma casa de pequeno porte, com jardins, calçadas e até pátio. Algumas têm até telhado, lajotas e grades. Um exemplo é o jazigo da família da dona de casa Maria da Natividade. Eles gastaram mais de R$ 10 mil para realizar melhorias no local onde estão sepultados três de seus familiares.
“No chão limpo vão enterrando uma pessoa, depois outra. Daqui a pouco ninguém sabe onde os familiares estão mais. E assim, nós sabemos onde é. Tenho tios, avós que nem sabemos onde estão enterrados”, justificou.
No único cemitério da cidade estão enterradas mais de cinco mil pessoas. Há 12 anos trabalhando como coveiro, Antônio Pedro da Penha disse que essa é uma tradição que atravessa gerações. “Esse cemitério daqui sempre foi assim. Tem essas casinhas e sempre está aumentando. Chama a atenção. Quem passa na estrada acha bonito”, disse.
Na cidade, jazigos são transformados em
'casinhas' (Foto: Reprodução/TV Mirante)
Na maior ‘casinha’ do cemitério estão enterradas cinco pessoas da
família do fazendeiro Pedro Ximenes de Souza. O jazigo inusitado possui
mais sete metros de frente. “Sempre houve essa tradição. Quase todo
mundo manda fazer uma casinha por motivos de segurança, e para saber
onde estão as sepulturas”, explicou.'casinhas' (Foto: Reprodução/TV Mirante)
Mas nem todo mundo é a favor das famosas casinhas do cemitério de Poção de Pedras. “Sou contra, porque toma muito espaço. Em uma ‘casa’ do tamanho dessas dava para enterra pelo menos mais duas pessoas”, afirmou o lavrador Josué da Silva Mendonça.
Mas para a população da cidade, o lugar já se transformou no principal ponto turístico. “É uma tradição nossa fazer uma catacumba bonita, uma casinha bonita para eles”, afirmou o motorista Ezequiel Pereira Lima.
Mas apesar de chamar a atenção, ninguém da cidade quer morar nas ‘casinhas’. “Acho muito bonito. Mas não quero vir para as casinhas”, disse a aposentada Isabel Linhares de Souza.
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