MEDIÇÃO DE TERRA

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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Salvador é campeã de consumo abusivo de álcool

Flávia Faria A TARDE

  • Fernando Amorim | Ag. A TARDE
    A boemia começa na praça do Imbuí a partir das 18h30
Salvador é a capital brasileira com o maior índice de consumo abusivo de bebidas alcoólicas.
O dado é fruto dos resultados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2012, realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP).
Segundo a pesquisa, 27% da população soteropolitana consumiu álcool em quantidade abusiva nos 30 dias que antecederam a sondagem. No levantamento de 2011, esse índice era de 24%. O estudo é realizado desde 2006.

Depois de Salvador, as cidades onde esse comportamento mais se repete são Teresina (22%) e Florianópolis (21%).
"O consumo abusivo se aplica para os homens entrevistados que, nos último 30 dias, chegaram a consumir cinco ou mais doses de bebida em um único dia. Para as mulheres, a referência são quatro ou mais doses", afirmou a diretora de análise de situação de saúde do Ministério da Saúde (MS), Deborah Malta.
Em nível nacional, o levantamento também indica que o consumo de álcool é maior entre os homens e aumenta proporcionalmente em relação à escolaridade.
Entre as pessoas com zero a 8 anos de frequência escolar, 24,3% dos homens abusam da bebida, contra 6,8% das mulheres. Quando o número de anos de escolaridade sobe para 12 ou mais, os índices chegam a 31,9% dos homens e a 14% das mulheres.
Em relação à idade, o hábito de beber é maior entre as pessoas com idade entre 25 e 34 anos (24,7%), seguidas pelos jovens de 18 a 24 (21,8%).
Apesar do que se pode pensar, os altos níveis de consumo alcoólico em Salvador não influenciam diretamente o número de motoristas que dirigem depois de beber. Segundo o levantamento, apenas 7% dos adultos soteropolitanos dirigem após ingerirem qualquer quantidade de álcool.
As cidades campeãs no número de motoristas alcoolizados são Florianópolis (16%) e Palmas (15%).
Cultura
De acordo com Deborah, a razão para altos índices de ingestão de bebidas em Salvador não podem ser identificadas pela pesquisa em si. "Uma pista é a questão cultural, que talvez tenha a ver com o próprio calendário festivo da cidade, mas a pesquisa não chega a entrar em detalhes", afirma.
Porém, segundo o professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e estudioso da antropologia alimentar Jeferson Bacelar, não é possível isolar um fator específico.
"A presença da cachaça sempre foi muito forte dentro da sociedade baiana, mas é forte também em Minas Gerais. Você pode falar da questão da liberdade [para se consumir álcool] e do clima de praia e festa, mas também é assim no Rio de Janeiro", pontuou o estudioso.
Saúde
Entretanto, para o cardiologista Júlio Braga, são os aspectos da sociedade que podem fazer do álcool um grande perigo. "O alcoolismo é um vício mais socialmente aceito que outras drogas e acaba sendo menosprezado", afirmou.
Segundo o médico, os riscos para a saúde são grandes, mas silenciosos. "A cirrose e as doenças cardíacas, por exemplo, só apresentam sintomas quando a situação é grave. A pessoa continua bebendo e, quando vê, o estado já é avançado", alertou.
Entretanto, o Sistema Único de Saúde (SUS) não está preparado para atender a demanda desses pacientes, desde o aspecto do tratamento psicológico e psiquiátrico à questão fisiológica.
"Os Centros de Atenção Psicossocial estão lotados e o sistema como um todo não tem condições de prestar boa parte dos atendimentos necessários", disse o médico.

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