Agência Estado
O diretor da Torque Navegação Pedro Burin afirmou os prejuízos causados pela interdição da hidrovia Tietê Paraná serão bem maiores do que os R$ 12 milhões previstos inicialmente. A hidrovia foi interditada na última sexta-feira, quando um comboio da Mepla Navegação, carregado com 5,2 mil toneladas de soja, saiu da rota e bateu numa torre de linha de transmissão de energia instalada no rio Tietê, em Araçatuba (SP).
"Só nossa empresa deve ter um prejuízo bem maior que isso. Não sei dizer de quanto, mas sei que será bem maior que os R$ 12 milhões", afirmou Burin. "A interrupção prejudica toda uma cadeia logística, que depende do sequenciamento do transporte não só por hidrovia, mas também por ferrovia e rodovia", disse.
Por isso, segundo Burin, a lista de prejuízos é extensa: paralisação da frota de embarcações e de terminais hidroviários e dos embarques e desembarques. Segundo ele, outro problema está nos atrasos em contratos assumidos com seus clientes, como a Cargill, Caramuru, Eldorado e outras empresas. "Vai haver aplicação de multas pelo não cumprimento desses contratos", disse.
Segundo Burin, a Torque transporta 2,3 milhões de toneladas de mercadorias por ano, o equivalente a R$ 1,2 bilhão. Com o acidente, a empresa está com nove comboios parados na hidrovia, cinco deles carregados com 30 mil toneladas de mercadorias - 24 mil de soja e 6 mil de madeira -, avaliadas em US$ 16 milhões. "O grande problema está na escala, se for um caminhão parado é uma coisa, mas um comboio com seis mil toneladas é outra completamente diferente. Cada comboio transporta o mesmo volume de 200 carretas carregadas de soja. Teríamos então mais de 1,4 mil carretas paradas", diz Carlos Farias, diretor da Cooperativa do Pólo Hidroviário de Araçatuba. Além da Torque, as empresas Louis Dreyfus Commoditie (DCL) e Mepla têm mais três comboios carregados de soja parado na hidrovia.
Com a paralisação, pelo menos 100 mil toneladas de soja deixarão de ser transportadas pela hidrovia até dia 3 de abril, quando ela deverá ser liberada pela Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep), informou Casemiro Tércio de Carvalho, diretor do Departamento Hidroviário, órgão da Secretaria dos Transportes que administra a hidrovia em São Paulo. Mas, segundo Farias, o volume que deixará de ser transportado deverá ser maior que isso.
Um dos principais modais para o transporte da soja produzida no Centro-Oeste do País para o Porto de Santos (SP), a hidrovia foi responsável pelo transporte de seis milhões de toneladas de soja na safra passada. A expectativa para a safra atual é de sete milhões de toneladas.
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