Província é a maior produtora de pêssegos da Argentina.
Clima frio também favorece o cultivo de hortaliças e videiras.
Mas apesar de chover pouco na região, a proximidade com os Andes e com o Sul do continente americano, torna o um lugar sujeito a tempestades, com ventos intensos e chuva de granizo.
O agrônomo do Instituto Nacional de Água de Mendoza, Daniel Pizzolato, explica que, para reduzir os estragos causados pelo granizo, muita gente está cobrindo os pomares com uma malha própria para isso. “Esse é o único sistema que funciona na região. A malha é cara porque tem que ser muito resistente para suportar pedras grandes caindo de 10 mil metros altura sobre ela e ainda têm a estrutura para sustentar essa malha, como os postes, arames, grampo. Isso tem um custo alto”.
As seis represas que formam o sistema de irrigação de Mendoza levam água para todos os municípios da província. A quantidade de água que corre pelos canais depende do tanto de neve que cai nos Andes, na época do inverno. Tudo segue o planejamento feito pelo Instituto de Nevologia. É feita uma rotação para que todos os usuários recebam a água que têm direito.
Cada rio da província tem um chefe de operações, que determina quanta água cada canal vai receber e os dias em que ela vai chegar. Para controlar a entrada de água, as acequias são equipadas com comportas e tem uma pessoa contratada para abrir e fechar as comportas na hora certa. No dia certo e na hora marcada, cada agricultor deve abrir suas comportas e deixar a água entrar.
A maior parte dos agricultores de Mendoza rega o pomar usando a mesma tecnologia do tempo dos índios. A inundação é o sistema de irrigação mais tradicional da região. A água entra por um canal e depois se espalha por gravidade por todo o cultivo.
Outra forma comum de irrigar as lavouras é abrindo pequenos sulcos ao lado da linha de cultivo. Os sistemas são simples e baratos, mas tem pouca eficiência. A irrigação por superfície tem cerca de 40% de eficiência, em média. Nesse sistema, grande parte da água se infiltra na cabeceira da linha e muito pouco chega lá ao destino final.
Os agricultores pagam em torno de R$ 300 por hectare por ano pela água. Mesmo assim, só recebe água quem tem permissão para isso. O direito de água foi concedido há muito anos mediante os registros das propriedades que usavam água naquela época. Algumas fazendas perfuram poços profundos para complementar a irrigação, mas até a abertura de poços precisa de permissão do governo. E, no momento, ninguém está conseguindo autorização.
O agrônomo César Arland, que administra uma fazenda que cultiva pêssego, ameixa e nozes, explica que, para poder aumentar um pouco a área de cultivo, foi preciso investir em sistemas de irrigação mais modernos, como a microasperssão. “Com esse sistema, a gente consegue aproveitar cerca de 90% da água. Esse sistema custa entre US$ 2 mil e US$ 3,5 mil por hectare. Dependendo da sua necessidade”.
César diz que o principal problema para implantação do sistema é que ele usa energia elétrica, para puxar a água dos poços e fazer a distribuição. Isso tem um custo alto em torno de R$ 500 por hectare por ano. Segundo o agrônomo, o alto custo nem todos adotam o tipo de irrigação.
Mesmo com algumas dificuldades, a produção de frutas movimenta a economia da região. Boa parte delas segue para indústria para virar compota. A produção de frutas também gera milhares de empregos tanto na indústria quanto no campo. A água que desce dos Andes, transformou o lugar árido e pedregoso num oásis, que leva oportunidades para quem vive na região.
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