MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 26 de março de 2013

Cavalos dão show à parte na Paixão de Cristo de Fazenda Nova, PE

Todos os anos, os produtores e diretores da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, no distrito de Fazenda Nova, no Brejo da Madre de Deus, Agreste pernambucano, buscam trazer novidades para o espetáculo, que vão desde um simples detalhe à alteração de partes da peça, sempre em busca da perfeição. Em 2013, uma das inovações foram os cavalos de raça, treinados e habituados a espetáculos, que chamam a atenção pelo porte e pelagem.
Apesar da peça já ter introduzindo há alguns anos cavalos puxando a biga – espécie de carruagem romana – esse é o primeiro ano que os animais utilizados não eram de ninguém relacionado à Sociedade Teatral de Fazenda Nova. Os cinco animais chamam a atenção assim que aparecem, principalmente um negro, da raça Friesian, nativo dos Países Baixos. Quem monta, mesmo durante o espetáculo, o cavalo negro é o adestrador Eduardo César Rosseto, mais conhecido como Bentinho.
O animal imponente entra em cena sempre marchando. De nome Alarde, o cavalo Friesien tem quatro anos de idade. “Quando eu trouxe ele da Europa, não imaginava que daria um retorno tão grande de inteligência. Ele está sendo treinado há sete meses e aprendeu rápido”, explica Bentinho. Os cavalos participam de quatro cenas no espetáculo, começando pelo Fórum de Jerusalém, onde acontece o julgamento de Jesus com Pôncio Pilatos, o cortejo, a crucificação e na tumba, quando dois soldados romanos são deixados para cuidar do túmulo.
Acostumado com shows em arena e tendo se apresentado em vários lugares do Brasil, como Tocantis e Pará, Bentinho conta que a experiência em Nova Jerusalém está sendo totalmente diferente de tudo que já fez em 23 anos como adestrador. “É emocionante. A gente faz show na arena e o público não fica assim pertinho. Quando você sobe ali no palco, tem que passar aquele sentimento. Os próprios cavalos sentem, a gente que vai montado sente a diferença neles, eles andam diferente”, afirma o adestrador.
Dos cinco animais em cena, quatro são de Bentinho e vieram de Atibaia, no interior de São Paulo, onde ele tem um haras. Apaixonado por cavalos desde a infância, começou a trabalhar primeiro com cavalos árabes e, só depois, se dedicou ao puro sangue lusitano, que hoje é a especialidade do haras. “Quando comecei, treinava o cavalo dos outros, tinha um centro de treinamento. Eram 120 animais. Hoje, tenho 38, mas são todos meus. Faço comerciais, novelas. Inclusive, em Flor do Caribe [nova novela das 19h da TV Globo], o cavalo dos primeiros episódios é meu”, diz o adestrador.
Por sinal, foi através de um programa de televisão que Bentinho foi chamado para integrar, com seus cavalos, a Paixão de Cristo de Nova Jerusalém. “O Robinho [Robson Pacheco, coordenador geral do espetáculo] viu a participação da gente, com o cavalo dançando em um programa de TV no ano passado, gostou e nos procurou para conversar”, lembra.
Para a gravação do comercial da Paixão, Betinho trouxe os cavalos de Atibaia para o Brejo da Madre de Deus em janeiro. A viagem leva praticamente três dias. “Você precisa parar a cada 600 quilômetros, dar ração, água, remédio e levar eles para andar um pouco. Lógico que o bicho fica um pouco estressado, é uma viagem, mas quando você vai parando, miniminiza isso um pouco”, conta.
Ao chegar na cidade teatro, começaram os treinos para que eles se acostumassem ao cenário e aprendessem o que era necessário. Um dos desafios foi subir a rampa do cenário do Fórum de Jerusalém. “Das primeiras vezes, eles se assustaram um pouco, mas depois foi tranquilo. Eles têm um pouco de medo da subida, mas quando você passa confiança, vai”, explica.
Confiança da pessoa que guia o cavalo é essencial para que tudo dê certo em cena, ressalta Bentinho, embora outros fatores também sejam cruciais. “Tem que ser um cavalo muito bem treinado e que confie na pessoa que está com ele. A gente sente a emoção do que está acontecendo. Um cavalo que é calmo no haras, ele é 60% do que ele é quando tem muita gente. O barulho, as pessoas, deixam qualquer animal agitado”, detalha o adestrador.
Se apenas um dos animais se assustar durante os trabalhos e a pessoa que estiver com ele não conseguir controlar, a situação pode se tornar complicada. “Quando um se assusta, todos acabam assustados. Principalmente se for o primeiro, ele é o que realmente manda”, diz Bentinho, que ressalta também ser necessário respeitar os limites dos animais. “Aqui é muito quente, então, temos que dar muita água. Quando eu sinto que ele cansou muito, é preciso parar. A gente tem que respeitar”, afirma.
Outro ponto importante é a questão da rotina. Assim como os atores têm seus horários para refeições e maquiagem, os cavalos precisam seguir um ritual diário. “Logo pela manhã a gente lava eles e trança a crina e o rabo. Quando solta, eles ficam com os cachos, o rabo fica mais cheio. É como a maquiagem dos cavalos. Se fosse um show em arena, ainda pintaria os cascos e outros detalhes, mas aqui é o mais natural possível. Além disso, treinamos eles todos os dias”, aponta Bentinho. Dois dos cavalos ficaram em Fazenda Nova e os outros voltaram dias antes do espetáculo.
Além do Friesian, os outros três cavalos trazidos pelo adestrador são puro sangue lusitano: The Flash, Honeroso e César. Esse último, que tem olhos claros, é o animal que relincha e dispara quando Jesus falece na cruz. O momento é de emoção não somente para o público, garante Bentinho. “Em quase todas as cenas você se arrepia. Não tem como não se envolver, você se sente realmente naquela época”, afirma o adestrador, que se mostrou mais um apaixonado pelo espetáculo de Nova Jerusalém.
Serviço:
Paixão de Cristo de Nova Jerusalém
De 22 a 30 de março
Ingressos: R$ 60 a R$ 90
Site oficial: www.novajerusalem.com.br

fonte: G1

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