Acidente que deixou sete mortos fez Nasa rever e aposentar veículos.
Cerimônia nesta sexta lembrará ainda acidentes com Apollo 1 e Challenger.
O chefe da Nasa, Charles Bolden, e outros altos funcionários participarão de uma cerimônia no cemitério militar de Arlington, Virgínia, perto de Washington, onde também prestarão homenagens a outros mortos em explosões de veículos espaciais, como a nave Apollo 1 e o ônibus Challenger.
O Columbia, lançado ao espaço em abril de 1981, desintegrou-se durante sua reentrada na atmosfera terrestre, a 16 minutos do pouso, quando já sobrevoava o Texas. O escudo térmico de uma das asas sofreu danos com o impacto de uma peça de espuma isolante que se soltou do tanque externo da nave pouco após seu lançamento, duas semanas antes do acidente.
Equipes de especialistas investigaram o ocorrido durante sete meses e conseguiram encontrar 85 mil peças de destroços – cerca de 38% do ônibus espacial –, mas não explicaram com detalhes o que aconteceu.
A missão STS-107 do Columbia havia tido como grande objetivo o desenvolvimento de experimentos científicos, encomendados pelas agências espaciais dos EUA, da Europa, do Canadá, da Alemanha, além de pesquisas de universidades. O trabalho deles possibilitou que 58 pesquisas fossem conduzidas fora da Terra.
A Nasa ficou mais de dois anos sem lançar ônibus espaciais. A missão seguinte foi a STS-114, que partiu em 26 de julho de 2005, com o Discovery.
Depois da explosão do Columbia, o governo do presidente George W. Bush decidiu pôr fim ao programa dos ônibus espaciais, embora tenha permitido que os três restantes voassem até 2011 para dar tempo de concluir a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), cumprindo assim com os compromissos dos Estados Unidos com seus sócios, disse à AFP John Logsdon, ex-diretor do Instituto de Política Espacial da Universidade George Washington e integrante da comissão nacional que investigou o acidente do Columbia.
O programa dos ônibus espaciais esteve a ponto de ser encerrado antes, lembrou o especialista. Em julho de 2005, durante o primeiro voo de um veículo desde a explosão do Columbia, o mesmo problema que havia sido fatal para essa nave se repetiu, mas sem que o pedaço de espuma isolante separado do tanque externo perfurasse o escudo térmico.
A frota de ônibus espaciais ficou parada em terra durante quase um ano, e o governo Bush avaliou seriamente pôr fim ao programa, explicou Logsdon. Mas o presidente acabou cedendo às pressões de parceiros internacionais para completar a ISS.
Erro fundamental
A Nasa soube muito cedo, após os primeiros voos dos ônibus espaciais, nos anos 1980, que essas naves não seriam um acesso simples e barato à estação orbital, afirmou Logsdon.
"Penso que – nas palavras da comissão de investigação do acidente – não substituir os ônibus espaciais foi um fracasso dos líderes políticos, razão pela qual os Estados Unidos ficaram confinados a uma órbita baixa durante 30 anos", disse.
Mas, segundo o especialista, "o erro fundamental foi cometido em 1971 e 1972, quando se decidiu desenvolver uma nave espacial que combinasse transporte de tripulação e carga". Para ele, teria sido melhor e menos caro separá-los.
A cápsula espacial Orion, que está sendo desenvolvida para missões tripuladas à ISS, à Lua, a asteroides e a Marte, tem um sistema de segurança que permite que a tripulação fique separada do veículo de lançamento, algo que os ônibus espaciais não tinham.
Desde o último voo de um ônibus espacial, em julho de 2011, os Estados Unidos têm usado as naves espaciais russas Soyuz para transportar astronautas à ISS, pagando US$ 60 milhões (R$ 120 milhões) por assento.
Em 2010, o presidente Barack Obama lançou um programa de incentivo ao setor privado para desenvolver sistemas de transporte de carga e astronautas à ISS. A SpaceX, uma das empresas selecionadas, já completou com sucesso os dois primeiros voos de sua cápsula Dragon, levando e trazendo de volta carga da estação internacional.
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