MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Excesso de chuva prejudica lavouras de soja em Mato Grosso


Produtores pretendiam antecipar ao máximo a colheita da soja. Prazo recomendado por técnicos para plantio do milho safrinha terminou dia 15.

Do Globo Rural

A chuva afetou principalmente as  lavouras plantadas no final de setembro e início de outubro, com sementes de variedades de soja precoce.
A ideia dos produtores era antecipar ao máximo a colheita da soja para semear na mesma área o milho safrinha cujo prazo máximo recomendado pelos técnicos terminou no dia quinze de fevereiro.
No entanto, a chuva não deu trégua. Em fevereiro tem chovido quase todos os dias no em Mato Grosso, e a chuva em cima dos grãos de soja maduros, preocupa os produtores.
No município de Sinop, no norte do estado, uma lavoura de 400 hectares foi inteira perdida, os grãos estão mofados por causa da chuva. “Daria para vender para as fábricas de ração, mas eles oferecem em torno de 15 reais a saca, sendo que o preço normal está 45 reais, então não compensa colher”, explica o agricultor Edemar Welter.
Mesmo sabendo que o prazo para o plantio do milho safrinha terminou no dia 15, Edemar resolveu correr o risco e para não perder tempo semeia o milho em cima da lavoura de soja abandonada.
Normalmente muitos ultrapassam o prazo técnico para o plantio do milho safrinha, mas este ano a maioria dos produtores de Mato Grosso plantou ou ainda está semeando o milho fora do prazo.
O risco neste caso não é a chuva e sim a falta dela. Em abril termina a estação chuvosa e o milho plantado fora do prazo pode ser prejudicado pela falta de água. Por isso, já se espera uma queda de produtividade no milho safrinha.
A maior cartada dos produtores para diminuir o prejuízo é a safra de soja tardia, que está sendo colhida agora e que ocupa mais de 65% da área total do estado.
Quando a chuva dá uma trégua, os agricultores têm que colher sem parar. O importante é tirar o máximo possível da safra que sobrou da chuva.
O agricultor Fábio Brataz, do município de Nova Ubiratão, perdeu 30% da soja precoce, mas ainda tem 450 hectares de soja tardia para tirar do campo.
A preocupação de todos é o excesso de umidade dos grãos, que compromete a qualidade da soja, por isso Fábio pilota a máquina de olho no marcador, que indica uma média do teor de umidade e da produtividade da área. No entanto, a confirmação final ele só vai ter quando a carreta despejar a soja no armazém.
Antes de ir para o depósito, a máquina faz a limpeza para tirar as impurezas e grãos avariados. Depois são colhidas várias amostras, elas são etiquetadas com o nome do produtor e analisadas em outra máquina. Com até 14% de umidade, a soja nem passa pelo secador, vai direto para o silo. Acima disso significa que tem excesso de água.
O Globo Rural acompanhou a análise de uma carga de 30 toneladas que indicou 27% de umidade. Ou seja, para baixar para 14%, a soja tem que perder 13% de umidade. Fazendo as contas, a carreta de 30 toneladas perde seis toneladas por causa da umidade, e mais quatro toneladas de grãos estragados pela chuva, que foram descartados na limpeza. No final, o produtor vai receber apenas por 20 toneladas.
As carretas aguardam normalmente cerca de uma hora para que a soja passe pelo processo de secagem, mas com o excesso de umidade está durante até três horas. Essa demora na secagem acaba onerando ainda mais o custo do transporte da safra. O frete aumentou 35%.
Segundo o presidente do sindicato rural de Sinop, Leonildo Barei, o aumento dos combustíveis e a falta de caminhões são os principais motivos dessa alta. “Falta caminhão, então tem que aumentar o preço. O Brasil teria que colocar 20 mil novos caminhões na estrada para atender a demanda atual, porque nós não queremos fazer hidrovia, não queremos fazer ferrovia... No modelo que o é o pior do mundo, que é o rodoviário pra fazer tudo o que se faz!”, alerta.
Outro problema grave são as condições das estradas. A BR-163, conhecida como a rodovia da soja, é responsável pelo escoamento de mais da metade da safra de grãos produzida no estado. O asfalto acabou. A demora da viagem é grande e os riscos também. “A rodovia não está em condições ideais. Isso tem prejudicado o transporte de carga no estado e aumentando o número de acidente também”, explica o policial rodoviário José Hélio Macedo.
A lei do caminhoneiro aprovada recentemente, para disciplinar a jornada de trabalho dos motoristas e diminuir os acidentes, está em vigor no estado, mas na prática parece que não está sendo cumprida.
O problema do transporte da safra ainda pode piorar porque o pico da colheita está começando justamente agora. Mesmo com as perdas da soja precoce, os produtores de Mato Grosso esperam colher mais de 20 milhões de toneladas de soja.
O IMEA - Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária estima uma perda de 5% da safra de soja precoce no estado por causa da chuva. Mas se o tempo não atrapalhar, essa perda poderá ser compensada com a boa produtividade esperada para a soja tardia.

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