Cooperados interrompem atendimentos ortopédicos e cobram pagamento.
Paralisação reflete no Clóvis Sarinho, em Natal, que está superlotado.
Clóvis Sarinho acumulava, na manhã desta quarta, 138 pacientes nos corredores (Foto: Ricardo Araújo/G1)
A um mês do fim da validade do decreto que oficializou o estado de
calamidade pública na Saúde do Rio Grande do Norte, quase nada mudou no
maior pronto-socorro de urgência e emergência estadual. O Complexo
Hospitalar Walfredo Gurgel / Clóvis Sarinho, em Natal, continua com
corredores lotados.O decreto foi assinado pela governadora Rosalba Ciarlini. Na manhã desta quarta-feira (5), 138 pacientes estavam espalhados pelos corredores, alas e até mesmo nas salas de cirurgia da unidade hospitalar, à espera de um leito de clínica médica, unidade de terapia intensiva ou cirurgia ortopédica de alta e média complexidade.
Maria de Fátima Pinheiro, diretora do Hospital
Walfredo Gurgel (Foto: Ricardo Araújo/G1)
A suspensão dos procedimentos cirúrgicos ortopédicos eletivos - com
data marcada - no Hospital Deoclécio Marques, em Parnamirim, e a
paralisação dos seviços dos anestesistas contratados através da
Cooperativa dos Anestesiologistas (Coopanest RN) contribuíam para a
superlotação do hospital. "A greve dos médicos estatutários, a
paralisação das cirurgias no Deoclécio Marques e a suspensão dos
serviços dos anestesistas atinge 100% o Walfredo Gurgel", asseverou a
diretora-geral da unidade, Fátima Pinheiro. Em menos de 12 horas,
segundo exemplificou, três médicos ortopedistas de plantão no
Pronto-Socorro Clóvis Sarinho realizaram 10 cirurgias.Walfredo Gurgel (Foto: Ricardo Araújo/G1)
"Uma demonstração do acúmulo de procedimentos aqui no hospital. Os atendimentos estão sendo feitos dentro da capacidade dos médicos. Mas vai ter uma hora que vai parar tudo. Todo paciente de ortopedia que não tem fratura exposta, tem que esperar", lamentou a diretora. Pelos corredores da unidade, imagens que lembram cenários de catástrofes, com pacientes de todas as idades envoltos em ataduras e placas de gesso, dividindo um espaço minúsculo, sem ar condicionado em algumas alas, inebriados por um desagradável odor e sob o risco constante de contração de infecção hospitalar.
A já combalida Saúde estadual sucumbe diante de um imbróglio que envolve a Cooperativa Médica do Rio Grande do Norte (Coopmed RN) e a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap RN). A direção da Cooperativa reclama o pagamento dos serviços atrasados, da ordem de R$ 1,118 milhão. A Sesap, por sua vez, destaca que o débito não passa de R$ 656 mil, em decorrência das glosas realizadas após auditoria nas planilhas encaminhadas pela entidade. As glosas consistem nos serviços que não foram comprovados pela Coopmed.
Isaú Gerino, secretário de Saúde do RN confirmou
repasses à Coopmed (Foto: Ricardo Araújo/G1)
"O pagamento do mês de agosto foi efetuado. Além disso, foi feito o
repasse de R$ 2,6 milhões para a Prefeitura de Natal efetuar o pagamento
da Cooperativa, em decorrência da pactuação dos serviços. Eles (a
Coopmed) já querem que a gente pague o mês de novembro e não é assim,
temos que seguir procedimentos burocráticos", afirmou o secretário
estadual de Saúde, Isaú Gerino. Ele destacou, ainda, que existem três
contratos do Governo com a Coopmed, que contempla o Samu Metropolitano,
os serviços de ortopedia do Deoclécio Marques e do Centro de Recuperação
Pós-Operatório do Walfredo Gurgel.repasses à Coopmed (Foto: Ricardo Araújo/G1)
O pagamento do Samu, segundo o secretário, está regularizado. Mesmo assim, os médicos cooperados pararam semana passada e prometeram retomar a escala integral nesta quarta-feira. "Os atrasos de agosto são relacionado a processos pagos através de indenizações que tramitam de uma forma mais lenta", enfatizou Isaú Gerino.
O coordenador financeiro da Coopmed, Julimar Nogueira, confirmou o recebimento de R$ 256 mil pagos pelo Governo do Estado. "O valor é do Samu. Mas ainda há o do CRO do Walfredo Gurgel e dos ortopedistas que atendem no Deoclécio Marques", relembrou. Na noite desta quarta-feira, está marcada uma assembleia geral com os médicos cooperados para discutir a possibilidade do retorno às atividades nos hospitais estaduais. Já a presidência da Coopanest negou qualquer paralisação nos procedimentos realizados pelos anestesistas cooperados nos hospitais Natal Center e Promater.
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