Grupo de 12 deficientes visuais concluiu curso em Cuiabá.
Profissionais são diferencial pela sensibilidade no tato.
Sessão de massagem gratuita foi promovida para comemorar conclusão do curso (Foto: Dhiego Maia/G1MT)
Um grupo de 12 pessoas rompeu as limitações impostas pela deficiência
visual e se formou no curso de massoterapia, técnica que utiliza a
massagem para fins terapêuticos, em Cuiabá. Grande parte dos integrantes
do curso, que é oferecido de forma gratuita, conquistou o primeiro
certificado da vida e agora, com a especialização, poderá ser inserida
no concorrido mercado de trabalho. Por cada massagem, um massoterapeuta
pode ganhar até R$ 60. O G1 acompanhou a primeira sessão de massagem realizada por alguns formandos após a conclusão do curso.Com os olhos nas pontas dos dedos, Ângela Emília de Souza, de 48 anos, diz que a massoterapia a faz enxergar bem mais do que quando ainda era capaz de ver o mundo pelos próprios olhos, o que não acontece há mais de 30 anos. “A massagem é uma doação de energia, uma troca. Com meus dedos consigo saber se a pessoa teve um dia difícil, se está angustiada ou preocupada. Sou mais feliz hoje por ter essa oportunidade”, salientou.
Outra colega de Ângela que também conquistou o título de massoterapeuta foi perdendo a visão aos poucos. Sônia Maria de Moraes, de 50 anos, era artesã antes de ter apenas 3% da visão. Forçada a abandonar o artesanato, ela disse ao G1 que pretende refazer a vida com a massagem terapêutica. “Como eu tenho baixa visão, o meu futuro no artesanato estava incerto. Não conseguia mais fazer as flores e as peças de argila com precisão. A massagem mudou o rumo da minha vida”, afirmou.
O tato aguçado pela ausência da visão faz com que os deficientes visuais sejam cada vez mais requisitados em clínicas e espaços de relaxamento para atuar como massoterapeutas. De acordo com a professora da turma, Lina Moreira, a sensibilidade é o maior diferencial desse tipo de profissional. “Eles aprendem a técnica com as pontas dos dedos, o que nós aprendemos com as pontas dos olhos. Eles são superiores porque sentem os pacientes de dentro para fora”, explicou.
Ângela de Souza diz que a massoterapia a tornou
mais feliz (Foto: Dhiego Maia/G1MT)
Segundo Moreira, os recém-formados em massoterapia estão aptos a fazer
sessões de reflexologia e massagem relaxante. “Eles podem atender em
clínicas, empresas e até em espaços próprios. Hoje em dia, a massagem é
fundamental para o funcionamento do corpo”, afirmou a professora.mais feliz (Foto: Dhiego Maia/G1MT)
A auxiliar de serviços gerais Juliana Barros, de 22 anos, diz que levanta diariamente muitos baldes de água. Ao final de cada dia, ela sente muitas dores localizadas na região dos ombros. Após passar pela sessão de massagem, ela afirmou que se sentia mais leve e disposta. “O meu serviço é pesado e sempre tenho dores. Essa massagem me surpreendeu”, disse.
Para o professor de Informática para Cegos, Luiz Carlos Grassi, o curso tem sido a primeira oportunidade para a inserção de deficientes visuais ao mercado de trabalho. Ele que também é cego fez há alguns o curso de massoterapeuta. “Eu fico muito feliz por eles porque são colegas que estão se preparando para prover o próprio sustento. O deficiente visual não é coitadinho e nem um encostado. Todos nós queremos trabalhar e viver de forma digna”, ressaltou.
O curso de Massoterapia tem previsão de abrir novas vagas apenas em 2013. A iniciativa é pública e promovida pela Secretaria de Assistência Social de Cuiabá.
Deficientes visuais são diferencial no mercado pela sensibilidade nas mãos (Foto: Dhiego Maia/G1MT)
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