'Baixo', salário de R$ 8 mil não atrai convidados a secretarias em Barretos

Prefeito eleito não tem nomes para cinco das 14 pastas da cidade em 2013.
Ele diz que cargo paga menos que o mercado aos profissionais convidados.

Do G1 Ribeirão e Franca

Faltando um mês para o início da gestão da nova administração municipal, cinco secretarias de Barretos (SP) ainda não têm responsáveis nomeados. Segundo o prefeito eleito para o próximo ano, Guilherme Ávila (PSDB), o principal motivo para isso é o salário de um secretário da cidade, considerado baixo pelos convidados por ele para assumir os cargos: R$ 8 mil.
Ávila explica que, apesar de o valor estar acima da média paga à maioria dos trabalhadores, os candidatos acreditam que o dinheiro é pouco para o tamanho da responsabilidade. “Na área de finanças, por exemplo, o mercado paga muito mais do que se paga para um secretário. Um fiscal hoje da receita ganha em torno de R$ 20 mil, se ele vier para a Prefeitura, vai cair quase que 2/3 o seu salário”, diz.
Ele conta que o município deverá ter 14 secretarias a partir de 2013 – atualmente são dez – e que falta ocupar as cadeiras de cinco delas. A Secretaria de Finanças e a de Indústria e Comércio são exemplos das que estão sem chefe. A dificuldade, segundo Ávila, é gerada também pela procura de profissionais experientes. “Nós temos buscado um critério principalmente técnico. Algumas áreas são chave, então nós precisamos de pessoas competentes, técnicas da área, para que a prefeitura possa andar como uma empresa.”
O empresário Sérgio Antônio Rondini é um dos que aceitaram o salário ‘baixo’ e será secretário de Turismo. Profissional do ramo, ele diz que a vontade de mudança e de servir à cidade o motivaram a assumir o posto. “Acho que as pessoas não têm que ver só o interesse próprio, mas sim o da comunidade. Você se doando um pouco e a comunidade ganhando, todos ganham. É um prazer fazer esse trabalho, não tem dinheiro que pague”, afirma.

Opinião da população
Para os moradores de Barretos, receber um salário de R$ 8 mil é algo atraente. “Pouco? Pouco R$ 8 mil? É um dinheiro bom, uma quantia ótima. Achar ruim isso aí então o cara está pondo fogo no dinheiro”, disse o autônomo Vilelo Florêncio ao ficar sabendo que alguns candidatos recusaram o convite para chefiar as secretarias por considerarem a remuneração baixa. “Fala para ele [o prefeito eleito] que eu sou um apto a trabalhar com ele, estou nessa”, brincou.
Para outros nem tanto. Dono de um programa de pesca, Fausto Eduardo Castro considera o salário ‘bom’, mas concorda que é insuficiente para atrair o tipo de profissional procurado. “Alguém que tem cargo como diretor de alguma empresa evidentemente não vai sair para ganhar R$ 8 mil”, afirmou. Para ele, o critério para escolher os secretários deveria mudar. “Acho que essa futura administração deveria procurar novos valores, pessoas que estejam realmente envolvidas com o município, que estão querendo trabalhar realmente e deixar um pouco de lado o empresariado que não quer assumir essa responsabilidade.”

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Prédio da Prefeitura de Barretos, SP (Foto: Paulo Souza/EPTV)