MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 4 de agosto de 2012

Junta médica do GDF se manifesta contra implante em criança de 10 anos


Relatório apontou que criança 'não apresenta risco iminente de morte'.
Mãe diz que avaliação foi feita sem sequer tocarem no paciente.

Do G1 DF

Junta médica da Secretaria de Saúde do Distrito Federal conclui que não há indicação de cirurgia para a implantação de um marca-passo diafragmático no menino Lucas Ferreira Bittencourt, de 10 anos. O relatório apontou ainda que a criança “não apresenta risco iminente de morte” e que por isso "não há evidência científica que o procedimento sugerido do marca-passo diafragmático prolongue a expectativa de vida do paciente".
Lucas Bittencourt não fala, não anda e respira com ajuda de aparelhos desde que nasceu, por causa de uma insuficiência respiratória crônica.
O laudo foi divulgado nesta sexta-feira (3) diz ainda que o paciente apresenta sequelas neurológicas irreversíveis, tanto intelectuais quanto motoras e afirma ainda que Lucas é tetraplégico.Os médicos descartaram também a possibilidade de urgência no tratamento.
O pai de Lucas, Caio Bittencourt, disse que que a avaliação da junta médica foi registrada. Durante 26 minutos que estiveram com o menino, nenhum médico tocou na criança. Quando a equipe se prepara para ir embora, Lucas chega a se despedir.
“A família descorda deste tipo de informação, até porque o Lucas foi encontrado pela equipe médica jogando videogame. Ele chegou a cumprimentar os médicos, deu tchau e mandou beijou", disse.
Deitado numa maca, Lucas só respira com a ajuda de equipamentos (Foto: Raquel Morais/G1)Deitado numa maca, Lucas só respira com a ajuda de equipamentos (Foto: Raquel Morais/G1)
O laudo afirma ainda que o garoto tem pouca mobilidade da musculatura diafragmática. Resultado diferente de exames feitos por um laboratório particular.
"Foi feito um exame aqui, sendo que eles nem tocaram no paciente, somente levantaram a roupinha dele. Foi tudo só no olho. Esse mesmo exame foi feito em uma clínica particular com exames específicos e com a criança fora do ventilador", informou a mãe do menino, Andréa  Bittencourt.
A Secretaria de Saúde disse, em nota, que vai acatar a decisão da junta médica.
Justiça
No dia 31 de julho, o Tribunal de Justiça do DF negou, por unanimidade, recurso do GDF contra a liminar que determina a implantação de um marca-passo. A execução da cirurgia foi determinada pelo tribunal independente do resultado do laudo da junta médica da Secretaria de Saúde.
A Justiça autorizou a cirurgia baseada em laudos dos médicos que atendem o garoto e do Ministério Público do DF. A decisão do TJDF também determina o pagamento de multa diária de R$ 10 mil pelo GDF a partir de 24 de julho.
A Procuradoria-Geral do Distrito Dederal informou neste sábado (4) que o Tribunal de Justiça ainda não publicou o acórdão da decisão tomada na última terça-feira (31) e que, portanto, só irá tomar qualquer providência depois que for notificada.
CirurgiaO custo do equipamento é de cerca de R$ 400 mil. Em abril, a cirurgia chegou a receber parecer favorável da coordenadora de Neuropediatria e do secretário de Saúde, Rafael Barbosa. Mas a pasta arquivou o processo um mês depois alegando não poder transportar o menino para São Paulo, onde a operação seria realizada.

O pai da criança, Caio Bittencourt, vê no marca-passo, que tem 500 gramas e tamanho aproximado de uma caixa de DVD, a oportunidade de aumentar a qualidade de vida do primogênito.

“Elimina todo esse equipamento pesado [cerca de 100 kg] e toda essa dependência de energia elétrica, porque funciona à bateria. Vamos poder buscar terapias diferentes e fora de casa, talvez equoterapia, hidroterapia.”

RotinaAlém de duas sessões de fisioterapia, o garoto passa as 24 horas do dia acompanhado de um dos pais e de um técnico de enfermagem. Ele recebe visita médica semanal. Tudo é custeado pelo plano de saúde desde que ele nasceu.

“O Lucas nunca usou R$ 1 do serviço público de saúde. A primeira vez que estamos solicitando é agora. A gente nunca deu R$ 0,01 de gasto para a Secretaria de Saúde”, diz o pai, Caio Bittencourt.

A agenda do menino ainda é preenchida por uma grade escolar feita especialmente por ele, videogame e internet. “É uma criança que tem o cognitivo preservado, não sofreu perda de inteligência. Ele tem aula em casa, tem coordenação motora fina. O que ele não tem é força muscular. E a gente se comunica por sinais.”

Lucas raramente sai de casa, mas sempre com equipe médica e família do lado. “O máximo que a gente já conseguiu fazer foi colocá-lo numa cadeira de rodas e andar dentro do condomínio por 20 ou 30 minutos, mas junto com um técnico e sempre atentos a ter uma tomada por perto. Mas foram umas duas vezes só”, lembra.

Com o implante, Bittencourt acredita que a vida de toda a família sofrerá mudanças. Entre elas e a mais esperada, revela, é o primeiro passeio com todos juntos. O desejo é constantemente manifestado pela irmã caçula, Isadora, 4 anos. “Ela pergunta quando é que a gente vai poder ser uma família normal, porque ela quer atenção. Ela cobra. O marca-passo muda tudo. E muda para todo mundo.”

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