Denúncia da PRF e de concessionária de rodovia vai ser entregue ao MPF.
Cacique confirma saques, mas nega envolvimento de índios em acidentes.
Imagens obtidas do dossiê mostram pedras nos pneus e índios saqueando cargas (Foto: Reprodução)De acordo com o inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Felix Ribeiro, responsável por montar o dossiê, no fim do mês de julho quatro acidentes foram registrados somente em uma única noite com responsabilidade dos indígenas. Todos os veículos envolvidos no acidente provocado não tinham produtos para serem saqueados.
Ainda de acordo com Ribeiro, em 2012, no trecho da BR-277 que passa pela aldeia indígena, já ocorreram 31 acidentes, com 17 pessoas feridas e 23 mortes. A polícia afirmou que em 2012 já ocorreram oito saques de carga na região indígena, que engloba o trecho da BR-277, do km 473 ao km 487. O dossiê aponta que os índios saquearam uma carga de adubo químico, quatro de carne congelada, duas de madeira e uma de cerveja.
De acordo com o dossiê, índios comercializam os produtos saqueados (Foto: Reprodução)De acordo com o dossiê, parte dos produtos saqueados são comercializados nas cidades da região e trocados por dinheiro, mercadorias e, também, por cachaça. O inspetor garantiu que será realizada uma investigação para saber quem são as pessoas que estão aceitando a troca dos produtos.
Quanto aos índios venderem ou trocarem as mercadorias no comércio da região, Tavares afirma que “se não tivesse alguém para comprar, eles [índios] não iam saquear”. Segundo ele, muitas pessoas da cidade, quando ficam sabendo dos acidentes com carga, ligam para os indígenas e pedem para que vão até o local pegar as mercadorias. “Tem gente que transporta eles [índios] até lá”, completa.“ Tem gente que chega lá na hora e ficam negociando com os índios. O índio não tem onde guardar esses produtos. Então, eles vendem uma caixa de frango por R$ 10, R$ 15”, argumenta.
Em 2012 já ocorreram oito saques no trecho da BR-277, diz a polícia (Foto: Reprodução)A presidente da Associação Comercial e Industrial de Nova Laranjeiras (ACIN) Marli Moreto, disse não acreditar que algum associado ao ACIN seja um receptador das mercadorias. Segundo ela, só a polícia poderá dizer quem são as pessoas que compram os produtos.
Problema com o MPF, PF e Polícia Civil
Para o inspetor, é preciso envolver o MPF, a Polícia Federal (PF) e a Polícia Civil para tentar buscar uma solução para o problema. “Queremos combater a receptação, punir os próprios indígenas com relação aos crimes que estão cometendo. Cada órgão vai fazer conforme a sua competência”, ressalta Felix.
“Agora nós vamos concluir o estudo para ser enviado ao Ministério Público na semana que vem”, contou. No dia 11 de setembro será realizada uma reunião para discutir ações de combate ao saque com órgãos competentes. “Queremos chegar uma conclusão sobre as ações e possibilidades sociais de trabalho voltado ao benefício indígena”, argumentou.
A Funai afirmou que não acredita que os índios provoquem os acidentes (Foto: Reprodução)O G1 procurou a delegacia de Polícia Civil de Nova Laranjeiras. O delegado Helder Andrade Lauria disse que já houve prisões por receptação - sem precisar o número. Segundo Lauria, os receptadores foram pegos em flagrante comprando as mercadorias saqueadas pelos índios. Ele não soube informar se houve alguma prisão neste ano de 2012.
Já o coordenador técnico da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Nova Laranjeiras, Adir Carlos Velosso, disse que só irá se pronunciar após as investigações da polícia acabarem. Contudo, afirmou que não acredita que os índios provoquem os acidentes. Para ele, outras pessoas estariam pedindo para os indígenas saquearem as cargas em troca de outras mercadorias, já que os índios não podem responder pelos seus atos.
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