Cerca de 8 mil professores ainda não receberam salários, soma secretaria.
Bahia possui 32 mil profissionais no ensino; 80% participaram da greve.
A Bahia possui 32 mil profissionais de educação e, do total, 80% integraram o movimento grevista, segundo Marilene Beltros, vice-coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB). A sindicalista contesta a informação repassada pelo governo e diz que mais de oito mil professores não receberam os salários até o momento.
Retorno das aulas
O fluxo de estudantes foi pequeno no primeiro dia de aula em uma das maiores escolas públicas estaduais em Salvador, o Colégio Estadual da Bahia, mais conhecido como Central, na manhã desta segunda-feira (6), dia de retorno às aulas após a greve dos professores.
Muitas salas estavam vazias por volta das 7h30, horário de início das atividades nas turmas. Algumas tinham dois alunos e outras até 15 estudantes. De acordo com o diretor da escola, Cléber Azevedo, a unidade tem total de 1.250 alunos divididos em turmas do ensino médio. O movimento na sala dos professores era intenso no início da manhã. Segundo Azevedo, 39 docentes fazem parte do quadro de ensino da unidade escolar.
Sala vazia no retorno às aulas após a greve no
Colégio Central (Foto: Lílian Marques/G1)
A expectativa da maioria dos alunos após quase quatro meses sem aula é baixa. "Só tivemos dois meses de aula, ficamos na 1ª unidade, nem fizemos testes e provas [avaliações]", observa Luis Carlos Conceição, 17 anos, aluno do 1º ano do ensino médio. Para ele, que tentou estudar em casa nos primeiros dias da greve, mas afirma ter perdido o estímulo quando viu o movimento se prolongar, a greve dos professores acabou sendo um pouco dura para os alunos. "Achei a greve um pouco rígida. Tanto tempo parado para não obter o resultado que eles esperavam, não foi uma paralisação inteligente", disse.Colégio Central (Foto: Lílian Marques/G1)
Alunos assistem aula de língua portuguesa em uma das salas com mais estudantes no Colégio Central na manhã desta segunda-feira (Foto: Lílian Marques/G1)
O diretor do Colégio Central, Cléber Azevedo, confirma que o calendário de reposição de aulas será feito por cada unidade escolar e enviado à Secretaria da Educação da Bahia (SEC). "Vou ter uma reunião com os professores para fazer o calendário e depois vamos encaminhar para a secretaria. Quando o calendário for homologado, começa a ser cumprido. Por enquanto, as atividades serão retomadas de onde os professores pararam. Vamos fazer um esforço para ter um calendário que não prejudique os alunos do 3º ano e só vamos usar o sábado se for produtivo para realizar as atividades. Ainda temos que ver a conclusão do ano letivo para não chocar com o início do ano letivo de 2013. Não é fácil, mas vamos fazer o possível", afirma.
A maioria dos estudantes não gosta da ideia de não ter férias durante o verão. "Ninguém gosta. A gente não quer ficar aqui até dezembro, imagine no verão, carnaval, por causa de um problema entre os professores e o governo", diz o estudante Luis Carlos.
A Secretaria de Educação do Estado (SEC) informou através de nota oficial na sexta-feira (3) que os professores são os responsáveis por elaborar novo calendário de aulas para alunos da rede estadual. A secretaria orienta que os professores deverão utilizar os sábados e estender a programação das aulas até os meses de janeiro e fevereiro do próximo ano.
O secretário Osvaldo Barreto informou que mais de 700 escolas estão fazendo a reposição, já que as mesmas terminaram a greve antes do sindicato. "Uma parte significativa das escolas terão sua vida normalizada até o final de janeiro e uma pequena parte, pouco mais de 200 escolas, farão o processo de reposição em fevereiro. O calendário não chocará porque nós vamos trabalhar com dois calendários. As escolas que irão terminar as aulas em janeiro não irão chocar o calendário 2013 e as poucas escolas terão um calendário especial", relatou o secretário de Educação do Estado. Ainda de acordo com o secretário, a matrícula 2013 será realizada em período normal. A orientação é que o aluno seja matriculado para o ano seguinte e ele ficará condicionado ao processo de aprovação escolar.
Aulões
Uma série de aulas visando a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) começou a ser realizada no sábado (4), para estudantes concluintes do 3º ano do ensino médio e do 4º ano da Educação Profissional Integrada, em cinco bairros de Salvador e 10 municípios da Bahia, segundo a Secretaria de Educação do Estado. A SEC informou que os "Aulões do Enem" acontecem até o mês de novembro em 13 bairros da capital e em 11 cidades do interior, e vão focar em 32 temas nas áreas de matemática, linguagens, ciências da natureza e ciências humanas.
No sábado, as aulas foram realizas em unidades de ensino localizadas na Avenida Paralela, Cidade Baixa, Pituba, Caixa D’Água e Cabula. No interior, escolas das cidades de Alagoinhas, Barreiras, Eunápolis, Feira de Santana, Ilhéus, Itabuna, Jequié, Juazeiro, Teixeira de Freitas e Vitória da Conquista também tiveram a atividade.
As aulas serão realizadas sempre às terças, quintas ou sábados em Salvador, e no interior somente aos sábados. Os estudantes interessados em participar devem se inscrever até o dia 9 de agosto, na página da SEC na internet. Eles podem escolher as escolas em que querem assistir às aulas.
No caso dos municípios que não serão contemplados com os aulões, a secretaria informou que vai transmitir as aulas em tempo real, por videoconferência, para turmas nas sedes das Diretorias Regionais de Educação (Direc). Além disso, os aulões serão gravados e ficarão disponíveis para acesso no Portal da Educação.
Professores em assembleia para decidir o fim da
greve (Foto: Ruan Melo/G1)
Fim da grevegreve (Foto: Ruan Melo/G1)
Em assembleia realizada na manhã da sexta-feira (3), em Salvador, os professores da rede estadual de ensino da Bahia suspenderam a greve da categoria. "A ideia é suspender o movimento e marcar nova assembleia dentro de um mês. Se o governo não cumprir as cinco cláusulas nós voltamos com o movimento", disse Rui Oliveira, coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado (APLB-BA), ao apresentar a proposta à categoria no início da assembleia.
"Temos compromisso com a reposição [das aulas], mas é preciso que o governo devolva o dinheiro dos professores e depois o da entidade. Receberemos os alunos de cabeça erguida", pontuou Rui Oliveira. O governo informou que as secretarias de Educação e Administração vão elaborar uma folha de pagamento extra para saldar os salários dos professores em greve assim que o plano de reposição de aulas for aprovado.
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