Para o cientista político André Pereira, a declaração foi grosseira e infeliz.
Vereadores decidem nesta segunda-feira (2) se aumentam salários.
Um dos projetos aumentava o salário dos parlamentares de R$ 5 mil para aproximadamente R$ 9 mil reais. O outro aumentava os salários do prefeito para R$ 18 mil, do vice-prefeito para R$ 14 mil e dos secretários para R$ 9 mil, a partir do ano que vem.
O argumentos do prefeito para vetar os projetos foi a "falta de sintonia com os desejos da população". A proposta de aumento de salário dos parlamentares gerou insatisfação e protesto dos moradores da Serra. Mas a indignação foi ainda maior após uma declaração do vereador Aloísio Santana (PSDC), que não apenas votou pelo aumento como fez críticas ao comportamento ético do eleitor.
A sociedade critica, mas vende seu voto, adultera o velocímetro do seu carro. Não sei por que estão reclamando, se eles não praticam aquilo que cobram"
Aloisio Santana, vereador
Para o cientista político André Pereira, a declaração foi grosseira e infeliz. Ele afirma que o eleitor que tem esse comportamento é uma minoria dentro do universo total dos eleitores, mas é suficiente para sustentar certos mandatos.
"Quando a gente olha para voto de parlamento, como é o caso dos vereadores, tem uma quantidade muito grande de candidatos e o voto do eleitor se dispersa muito. Os que são eleitos, raramente são eleitos com seu próprio voto. A maior parte dos eleitores vota em candidatos que nem têm chance de ser eleitos. São eleitos os cabeças da coligações. O problema está no fato de que existem candidatos populistas de bairro e que prestam serviço, que ficam na cabeça da coligação e são eleitos. E aí temos políticos com perfil péssimo, que não são autônomos, não estão preocupados em fazer boas leis e nem em fiscalizar o executivo", explica o cientista político.
André Pereira ressalta a importância da população conhecer o papel do vereador e das lideranças dos partidos escolher cabeças de coligações responsáveis. "O papel do vereador é fazer leis, fazer emendas aos projetos de lei e fiscalizar o Executivo. Não é dar caixão, fazer obras e nem consgeuir emprego para fulano e beltrano. E o partido tem que escolher bons candidatos e eliminar os perfis ruins, populistas de bairro", reforça.
Orçamento da Câmara é maior que a receita de 40 municípios
Segundo o prefeito Sérgio Vidigal, o veto do projeto não foi pela inconstitucionalidade, porque a Câmara tem orçamento próprio que daria para honrar o compromisso assumido. "O orçamento da Câmara é de aproximadamente R$ 31 milhões. É bom lembrar que esse valor é maior que a receita de 40 municípios capixabas. Mas isso é constitucional e se o prefeito não repassar essa verba para a Câmara corre risco de improbidade, cassação e afastamento. A mesma população que nos escolhe precisa fiscalizar", afirma.
Vidigal reforça que, agora, a tarefa é tentar manter o veto. "O poder é autônomo, mas vamos trabalhar para manter o veto por convencimento, para os vereadores reverem seus posicionamentos. A orientação é que tudo aquilo que a gente faça, faça em sintonia com a população. E mexer em salário sem discutir com a sociedade é um complicador, principalmente em ano eleitoral", diz.
Protesto
Na sessão da última quarta-feira (28), enquanto os vereadores aumentavam os próprios salários, cerca de 80 manifestantes realizaram um protesto com apitos e cartazes contra o ato dos vereadores. Em enquete realizada pelo G1 após a decisão dos vereadores da Serra, 96% dos votos foram contra o aumento, e apenas 4% apoiaram a decisão.
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