Ministro da Fazenda, Guido Mantega, admite o não cumprimento da meta cheia do superávit primário (economia para pagar juros da dívida pública) em 2010
BRASÍLIA – O aumento dos juros na China deve intensificar a desaceleração da economia mundial no ano que vem, em razão do peso do país asiático no cenário global, de acordo com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ele ressaltou, porém, que a desaceleração já era esperada, devido ao “refluxo” das medidas de estímulo adotadas durante a crise financeira mundial, iniciada em setembro de 2008, e que agora estão sendo retiradas.
O governo chinês determinou o aumento dos juros numa tentativa de conter a inflação interna, segundo Mantega. E, quando o gigante asiático “coloca o pé no freio”, isso afeta outros países, entre eles o Brasil, uma vez que os países emergentes agora também têm peso maior na economia mundial. Ele concedeu entrevista pela manhã na portaria do Ministério da Fazenda.
Mantega afirmou que um dos motivos das pressões inflacionárias na China é a política anticíclica, adotada durante a crise, de concessão de crédito, que injetou US$ 1,2 trilhão no mercado. Ele disse que o valor "talvez tenha sido um pouco exagerado e acabou resultando numa bolha imobiliária". O ministro acrescentou ainda que a China é muito sensível ao aumento dos preços das commodities alimentícias. "Quanto menor a renda da população, maior o peso do custo dos alimentos na inflação."
Mantega também admitiu a possibilidade de não cumprimento da meta cheia do superávit primário (economia para pagar juros da dívida pública) em 2010, equivalente a 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) – soma das riquezas e serviços produzidos no país. Ele disse que o Governo Central está trabalhando para cumprir a meta cheia, mas admitiu a existência de dificuldades para estados e municípios. “A União vai cumprir sua parte, de 2,25%, mas não sei se serão atingidos os 3,1%", afirmou.
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