Organon e GeFam lançam carta alertando para gravidez entre meninas e adolescentes no Brasil
Estudo
revela que cerca de 300 mil jovens de 10 a 19 anos se tornaram mães em
2023, com prevalência maior entre negras e pardas na Região Norte
São Paulo, 4 de fevereiro — Meninas,
de 10 a 19 anos, negras, pardas, pobres, com pouca escolaridade e
habitantes da Região Norte. Esse é perfil das jovens mães brasileiras e o
público-alvo a ser conscientizado para reduzir as taxas de gravidez
precoce no Brasil. Um estudo encomendado pela farmacêutica global
Organon à Sociedade de Economia da Família e do Gênero (GeFam) revela
que, em 2023, o país registrou cerca de 300 mil partos naquela faixa
etária, com 19,4% dos casos no Norte.
Os dados constam na Carta Gravidez na Adolescência,
divulgada agora, durante a Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na
Adolescência, de 1º a 8 de fevereiro. O levantamento mostra que 4,5%
eram crianças de 10 a 14 anos — o que, pela Lei, é caracterizado como
estupro de vulnerável. Roraima é o estado com maior prevalência de mães
com idades entre 10 e 19 anos, com 10% dos partos.
A
Carta Gravidez na Adolescência se baseia em dados do Sistema de
Informação sobre Nascidos Vivos, do Ministério da Saúde, de 2005 a 2023.
Há 20 anos, a marca de jovens mães superou a casa de 600 mil. Desde
então, esse índice vem caindo, mas o fenômeno ainda afeta especialmente
meninas e jovens negras e pardas de baixa escolaridade, com 64% das
incidências, contra 34,5% na população branca.
Além
da vulnerabilidade socioeconômica, a gravidez precoce traz riscos de
saúde para elas e seus bebês. "A gravidez precoce está associada a
consequências adversas para as adolescentes e seus filhos, incluindo
maiores riscos de complicações na gestação, como hipertensão e diabetes,
além de maior probabilidade de prematuridade e mortalidade materna e
fetal", explica a diretora de saúde feminina, Andrea Ciolette Baes.
A
gravidez entre meninas e adolescentes interfere ainda na trajetória
educacional e profissional delas. Pesquisas apontam que a redução nos
índices de gravidez precoce pode aumentar em 9,2% a taxa de conclusão do
ensino médio e em 5,4% a sua participação no mercado de trabalho.
"A
gravidez precoce possui efeitos negativos de longo prazo para essas
jovens mães. Elas têm maior probabilidade de abandono escolar e de
menor participação no mercado de trabalho, perpetuando ciclos de pobreza
e desigualdade", analisa a presidente do GeFam no Brasil, Lorena Hakak,
doutora em economia e professora da Fundação Getúlio Vargas.
Para
chamar a atenção para o problema, a Organon está promovendo uma
campanha educativa que exibiu uma mamadeira e uma chupeta gigantes em
plena Avenida Paulista, em São Paulo, na última sexta-feira. Com o
slogan "Uma decisão desse tamanho", a ação faz alusão à importância das
consequências de uma gravidez na adolescência.
Causas e soluções
A
gravidez precoce está associada a fatores como falta de acesso à
educação — inclusive sexual —, limitações no acesso a contraceptivos e
condições socioeconômicas adversas. A Carta Gravidez na Adolescência
demonstra que a solução passa pelos bancos escolares. A expansão do
número de colégios de ensino médio entre 1997 e 2009 ajudou a evitar que
pelo menos uma adolescente se tornasse mãe a cada grupo de 50
estudantes matriculadas. No Ceará a adoção do programa de ensino em
tempo integral reduziu a taxa de gravidez precoce em 0,9 ponto
percentual.
O
estudo recomenda que, para superar esse desafio, a solução passa por
políticas de educação pública e manutenção das jovens na escola,
ampliação do acesso a serviços de saúde e contraceptivos, com
informações sobre planejamento familiar e saúde reprodutiva; programas
de transferência de renda que estimulem a permanência escolar; e suporte
psicológico e social para essas jovens mães.
Imagem disponível para download em https://we.tl/t-DR1h7d9y0V.
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