De
12 a 14 de janeiro aconteceu a tradicional NRF - National Retail
Federation 2025, Big Show, em Nova Iorque, nos EUA. Em sua 115ª edição,
tem sido, globalmente, o maior evento anual de varejo, contou com a
presença de mais de 70 países e atraiu cerca de 38.000 participantes e
uma representação significativa do Brasil, com mais de 2.000
participantes.
Muitos
artigos têm sido publicados sobre o evento, e antes de comentá-lo,
mencionarei outro evento que antecede a NRF, a reunião anual da FIRA –
Federação Internacional das Associações de Varejo.
A
reunião da FIRA teve a participação de 28 associações de varejo, de 19
países de todos os continentes, mostrando a força do varejo no mundo, na
qual o IDV (Instituo para Desenvolvimento do Varejo) se fez presente
pelo Brasil. Na reunião, foram abordados temas da economia e do varejo
mundial.
Podemos
inferir que os países participantes têm preocupações muito semelhantes,
guardadas as devidas proporções: inflação em alta, elevada taxa de
juros, baixo crescimento econômico, questões de desempenho dos governos
e, na Europa, preocupações com a baixa taxa de natalidade. Não se
percebeu entusiasmo com o futuro da economia na maioria dos países,
exceto os Estados Unidos, certamente motivados pelo momento de transição
de governo.
Um
ponto comum, e de destaque, na reunião do FIRA, foi o crescimento
exponencial nos últimos anos das exportações de pequenos volumes
(cross-border) dos países asiáticos para praticamente todos os países
presentes, em que na sua maioria, estão, digamos, “desorientados” quanto
ao que devem fazer para contê-las. Nesse sentido, podemos afirmar que o
Brasil está no caminho certo, pois iniciamos uma governança visando à
equidade concorrencial com o programa Remessa Conforme, que começa a
mostrar resultados, se bem que ainda insuficientes.
Voltando
à NRF 2025, durante o evento, foram ministradas 250 palestras que
cobriram uma variedade de tópicos, importantíssimos para o setor de
varejo, e também houve ampla área de exposição de produtos e serviços,
com cerca de 800 expositores, que apresentaram inovações que estão
moldando o futuro do varejo, desde soluções de pagamento até ferramentas
avançadas de análise de dados.
As conclusões publicadas na imprensa mundial sobre a NRF 2025 destacaram vários pontos importantes, tais como:
- As
lojas físicas estão se reinventando, para, além de atrair os clientes,
mantê-los por mais tempo em seu interior, resultando na crescente
importância da personalização e da experiência do cliente no varejo
moderno.
- O
papel crucial da sustentabilidade e da responsabilidade social nas
operações de varejo, temas presentes em várias palestras, porém, com
menor intensidade neste ano.
- O
impacto das tecnologias emergentes, como a inteligência artificial,
focando no aumento da produtividade, no aprimoramento das operações, no
entendimento do comportamento do consumidor e na comunicação.
- Os ganhos potencializados com a implantação eficaz do omnichannel, indispensável para o crescimento e sucesso no varejo.
- Avanços no marketing e monetização de espaços digitais e físicos, com infinitas possibilidades de retail media.
Com
tantas palestras e expositores de tecnologia de produtos e serviços,
gerou-se um volume importante de matéria-prima para muitas empresas
especializadas em varejo fazerem excelentes encontros no Brasil de
pós-NRF.
Quem
esteve na NRF ou já se informou bem sobre o apresentado no evento,
dependendo da estrutura e porte da empresa, pode estar se perguntando:
Por onde começar?
A
resposta é complexa. Toda tecnologia disponível, como a loja totalmente
autônoma – controlando tudo, desde a entrada do cliente, reposição de
mercadorias, pagamento por meios digitais da compra, etc. –, o checkout
por imagens sem uso do código de barras, o inventário de mercadorias no
chão de loja feito por robôs, as estratégias de mídia digital com uso da
inteligência artificial generativa e todas as demais maravilhas e
estratégias apresentadas, dependem, antes de tudo, de se ter uma base de
dados estruturada, sólida e constantemente atualizada, gente
especializada e escolha das ferramentas certas. Sem esta estruturação
inicial, muito bem implantada, corre-se um risco significativo de
insucesso.
O
uso de tecnologias avançadas não é mais uma tendência, mas uma
necessidade estratégica para empresas que desejam se manter relevantes
no mercado.
Então,
o varejo brasileiro tem uma missão importante, acompanhar as tendências
tecnológicas, implantá-las e, ao mesmo tempo, garantir o retorno dos
investimentos feitos em tecnologia, algo desafiador para todos os
tamanhos de varejo, em particular para as médias e pequenas empresas,
que sofrem com a escassez de recursos financeiros.
O
setor de varejo, que representa cerca de 25% do PIB, por sua
importância na economia, requer programas de apoio financeiro públicos e
privados que possibilitem seu desenvolvimento tecnológico, dando
suporte à construção de um varejo pujante e moderno no Brasil.
Jorge Gonçalves Filho, presidente do IDV – Instituto para Desenvolvimento do Varejo
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