
Nogueira diz que Forças Armadas não se sentem prestigiadas
Pedro do Coutto
No ofício que encaminhou ao ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, afirmou que as Forças Armadas não se sentem prestigiadas pelo TSE em matéria de contribuição para evitar fraudes eleitorais e erros da computação dos votos nas urnas de 2 de outubro.
O ministro Edson Fachin, a meu ver, deve educada e gentilmente convidar o general Paulo Sérgio Nogueira para um encontro público sobre o assunto, possivelmente através da GloboNews e com a participação de jornalistas também de outros órgãos da imprensa. É uma oportunidade, sem tumulto, sem plateia, sem torcida, para que possa elucidar dúvidas que ainda existem por parte do general sobre o processo de escolha que ocorrerá em poucos meses.
EXAME MAIS PROFUNDO – Para Paulo Sérgio Nogueira há a necessidade de um exame mais profundo sobre a inviolabilidade das urnas e da computação final das eleições. As fraudes, que de 1996 para cá nunca se verificaram, são praticamente impossíveis de ocorrer. Para que houvesse fraudes seria necessário o preenchimento de votos em branco.
No caso das urnas eletrônicas, haveria a necessidade que ocorresse a manipulação de cada urna individualmente e nelas localizar o registro de votos em branco. Nas eleições teremos milhões de urnas em funcionamento. Como poderia-se fraudar tantas urnas em tão pouco tempo? Não se trata de entrar no sistema, mas fraudar uma a uma.
CONVITE – O general Paulo Sérgio Nogueira diz que as Forças Armadas atenderam a um convite feito pelo ex-presidente do TSE Luís Roberto Barroso para integrar o Comitê de Transparência das eleições. Para ele, não houve a oportunidade das Forças Armadas de apresentarem a sua visão sobre o sistema de forma geral.
A matéria publicada no O Globo deste sábado é de Jussara Soares, Maniana Muniz, Aguirre Talento, Bela Megale e Janaína Figueiredo. A Folha de S. Paulo aborda o assunto, mas com um ângulo diferente. Numa reportagem de Marianna Holanda e Matheus Vargas, baseia-se no Instituto indicado por Jair Bolsonaro para mudar as regras de auditoria e práticas do TSE.
Quando sugiro que o encontro poderia ocorrer através da GloboNews é porque a emissora tem realizado coberturas muito eficientes sobre trabalhos de Comissões Parlamentares de Inquérito, Plenários do Senado e da Câmara e julgamentos do Supremo Tribunal Federal. Logo, são coberturas bastante longas, como devem ser para que não ocorram dúvidas no encontro entre Fachin e Nogueira.
SEM MUDANÇAS – O TSE afirma que não houve mudanças no software, e logo as informações individuais de cada urna não possuem ligação com nenhuma rede, apurando-se cada uma de forma individual. O ministro da Defesa sustenta que as divergências entre o ponto de vista da representação das Forças Armadas e do TSE podem ser resolvidas com a discussão entre as equipes técnicas das duas partes, mas cita o que considera falta de profundidade no debate em curso.Diz o general que o processo eleitoral não se restringe às urnas eletrônicas.
Há uma preocupação sobre o debate por parte do general Paulo Sérgio Nogueira. No documento enviado ao presidente do TSE, o ministro da defesa refere-se à possibilidade de ataques cibernéticos, a ocorrência de falhas e fraudes que possam comprometer as eleições. Portanto, o general deve ter se baseado em informações que chegaram ao seu conhecimento. É preciso ver quais os setores suspeitos de tentarem fraudar os resultados das eleições.
QUEDA DA RENDA – Carolina Nalin e Jéssica Marques, O Globo de sábado, publicam uma ótima reportagem com base no resultado de pesquisa nacional por domicílios do IBGE revelando que a queda da renda média domiciliar per capita em 2021 foi de 48% para os mais pobres em relação a 2021, e 6,9% entre os de salários mais altos.
A redução para mim é resultado do congelamento de salários e do aumento de preços. Tanto que isso está se refletindo no consumo de alimentos. O resultado da queda de renda per capita não é o mais expressivo indicador da situação dramática que se encontra a população assalariada do Brasil, pois a renda per capita é resultado da divisão do Produto Interno Bruto pelo número de habitantes. No caso brasileiro, resultado da divisão de R$ 6,5 trilhões por 220 milhões de pessoas.
Dará uma renda per capita anual. Mas sobre a renda média referente ao trabalho humano esse cálculo não serve. Fica a ressalva da diferença entre a renda do trabalho e a renda per capita que inclui o trabalho e as outras forças produtivas que integram o PIB. Alessandra Brito, analista da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, destaca que as diversas faixas de renda perderam poder aquisitivo no período de 2012 a 2021.
RENOVAÇÃO DO JB – Com o brilho de sempre, Ruy Castro na Folha de S. Paulo de sexta-feira, dia 10, escreveu um artigo muito importante sobre a reforma do Jornal do Brasil em 2 de junho de 1959 que acarretou um forte impacto na produção dos jornais da época – e eram muitos – e abriu uma perspectiva nova para o espaço da leitura dos textos, de forma mais nítida, o aproveitamento e a exposição das fotos nas edições.
A reforma foi realizada pelo jornalista Janio de Freitas que se encontrava à frente do JB naquele período. A produção do jornal é muito complexa, pois inclui os textos, sua qualidade, objetividade, sua exposição gráfica, sua clareza e também o seu conteúdo.
MUDANÇAS – A reforma foi muito ampla. Por exemplo, a primeira página tinha oito colunas. Uma coluna à esquerda do leitor, logo à direita da página, era uma coluna de notícias e por incrível que pareça as outras sete colunas eram preenchidas pelos classificados do jornal. Janio de Freitas mudou isso.
O JB passou a ter uma manchete expressiva, uma coluna de classificados e sete colunas para textos e fotografias. Vários outros jornais seguiram o exemplo. A reforma do Jornal do Brasil separou os fios que ligavam uma matéria à outra, tornando as páginas mais leves. A reforma foi extraordinária, promovendo mudanças também em outros veículos que passaram a exercer um novo comportamento editorial.
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