Ninguém pode colocar as ordens de Xi Jinping em dúvida. Nem o amigo diretor-geral da OMS. Jeffrey Tucker para a Oeste:
Desde
o início da pandemia, a Organização Mundial da Saúde e o Partido
Comunista Chinês dialogaram e trabalharam lado a lado. Isso culminou na
aventura da OMS e de institutos de saúde dos Estados Unidos na China em
meados de fevereiro de 2020. O relatório de viagem realizado pela OMS —
como o desempenho da China foi maravilhoso! — foi escrito e assinado por
oficiais de saúde pública norte-americanos que recomendaram lockdowns
ao estilo de Wuhan. Uma política desastrosa que só inspirou a maior
parte dos governantes do mundo a fazer o mesmo.
Vinte
e seis meses depois, foi revelado que a China na verdade não havia
“eliminado o vírus por completo dentro de suas fronteiras”, ao contrário
das afirmações exageradas da comentarista de TV Devi Sridhar em seu
novo livro, Preventable (no prelo). Ela só jogou os casos para o futuro.
Como quando o Partido Comunista Chinês descobriu que resultados
positivos de testes emergiram por toda a Xangai, resultando em sete
semanas de lockdowns brutais. Esse movimento feito pela China foi um
desastre para a economia do país e do mundo, além de representar um
perigo real para o futuro financeiro e tecnológico da nação toda.
Para
Xi Jinping, os lockdowns e a covid zero foram suas maiores conquistas,
celebradas no mundo todo, fazendo seu orgulho político inflar para além
de todos os limites. Agora, ele não pode voltar atrás, para não correr o
risco de sofrer perdas nas próximas eleições do partido.
Só
no último fim de semana, o líder chinês deixou claro para todo o
governo que não haveria recuos na política de zero covid-19: o Partido
Comunista Chinês vai “aderir inabalavelmente à política geral de ‘zero
covid-19 dinâmica’ e lutar de forma resoluta contra quaisquer feitos e
palavras que distorçam, questionem ou neguem as políticas de prevenção
epidêmica do nosso país”.
A impossível defesa dos lockdowns
O
problema é grave: um número enorme de pessoas na China provavelmente
vai precisar adquirir imunidade natural por exposição. É possível que a
política de lockdown represente um atraso na chegada da endemia. Isso
significa um dano de longo prazo para o país.
Ao
pressentir esse problema, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da
OMS, fez uma leve crítica: “Considerando o comportamento do vírus,
acredito que uma mudança será muito importante”, acrescentando ter
discutido essa questão com cientistas chineses.
O
que aconteceu em seguida é de fato fascinante: os comentários de Tedros
foram censurados em toda a China, e buscas por seu nome foram
imediatamente bloqueadas no país. Implausivelmente, com a simples menção
a algo incrivelmente óbvio, Tedros se transformou de amigo em um
inimigo de Estado. Enquanto isso, Bill Gates, outro apoiador da
OMS/China, tem dito discretamente algo bastante similar em entrevistas: o
vírus não pode ser erradicado.
Não
são apenas Tedros e Gates que estão tentando abandonar sua defesa dos
lockdowns. O próprio Anthony Fauci negou que os Estados Unidos tenham
feito “lockdowns completos” — o que está tecnicamente correto, mas não
porque ele não os tenha exigido. Em 16 de março de 2020, Fauci se
colocou diante da imprensa nacional e leu uma diretriz do CDC, o Centro
de Controle de Prevenção de Doenças dos Estados Unidos: “Em Estados com
evidência de transmissão em comunidade, bares, restaurantes, praças de
alimentação, academias e outros espaços abertos e fechados em que grupos
de pessoas se reúnam devem ser fechados”.
Aliás,
isso deixa uma forte impressão de que os governos no mundo todo estão
fingindo que toda essa história terrível e patética não aconteceu, mesmo
que não abram mão do poder de fazer tudo de novo caso seja necessário.
Sem arrependimentos, sem desculpas
Em
12 de maio de 2022, muitos governantes se reuniram em uma
videoconferência e concordaram em investir muitos bilhões nos trabalhos
relacionados à covid-19, além de reafirmar sua dedicação à abordagem de
envolver “a sociedade toda” e “o governo todo” para combater essa doença
infecciosa. O governo norte-americano no âmbito da administração
concordou prontamente com essa ideia.
Os
líderes reforçaram o valor das abordagens que envolvem a sociedade como
um todo e o governo como um todo para dar fim à fase aguda da covid-19,
bem como a importância de estarem preparados para ameaças de pandemias
futuras. A conferência teve como foco evitar a complacência,
reconhecendo que a pandemia não acabou, proteger os mais vulneráveis,
incluindo os idosos, as pessoas imunocomprometidas e os trabalhadores da
linha de frente e da saúde. Além de evitar futuras crises sanitárias,
reconhecendo que este instante é o momento certo para garantir o
compromisso político e financeiro para a prontidão contra pandemias.
A
conferência catalisou compromissos audaciosos. Do ponto de vista
financeiro, esses líderes se comprometeram a fornecer cerca de US$ 2
bilhões para novos financiamentos — além das promessas já feitas em
2022. Esses fundos vão acelerar as vacinações, a testagem e os
tratamentos, bem como contribuir com novos preparativos contra a
pandemia e um fundo de segurança sanitária global com sede no Banco
Mundial.
É
um progresso ver essas pessoas usando a linguagem da tão criticada, mas
hoje totalmente vingada Declaração de Great Barrington? É pouco
provável. Não se pode melhorar uma política ruim com palavras soltas.
Todos os indícios dessa declaração revelam que não haverá pedidos de
desculpas, arrependimentos nem mudanças no posicionamento-padrão de que
os governos em toda parte e a todo momento devem ter o poder máximo de
controlar qualquer patógeno à sua escolha.
Apesar
das palavras censuradas de Tedros, não é uma surpresa que Xi Jinping
continue se sentindo justificado e validado, e não enxergue nenhum
perigo político em escolher seus próprios poderes em detrimento da saúde
e do bem-estar de seu povo. Os governos mundo afora ainda não conseguem
reunir a coragem para fazer um ataque sólido e completo à política de
“covid zero”, com medo das implicações de tamanha concessão. Insinuações
e indiretas, mesmo da OMS, não são suficientes.
Jeffrey
A. Tucker é fundador e presidente do Instituto Brownstone e autor de
dez livros publicados em cinco idiomas. Tucker também é editor de The
Best of Ludwig von Mises
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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