O pensamento do terrorista Frank James é pouco distinguível dessa turma muito boazinha que infesta redações e universidades, que vive apontando o dedo para os outros, chamando-os de extremistas, fascistas e racistas. Bruna Frascolla via Gazeta do Povo:
Este mês houve um atentado no metrô de Nova York.
Frank James vestiu uma máscara de gás, lançou granadas de fumaça e saiu
tiroteando a esmo. Colocara também explosivos, que por sorte não
detonaram. A polícia o prendeu com certa facilidade. E com certa
facilidade a imprensa o escondeu. Afinal, Frank James era um terrorista
negro racialmente motivado. Tinha uma vida online bem agitada:
pedia ao “black Jesus” a morte de todos os whiteys (branquelos),
reclamava que aquela juíza negra indicada para a Suprema Corte era
casada com um branco, defendia que o povo negro não deveria ter nenhum
contato com o povo branco. Uma flor de pessoa. O New York Times
limitou-se a chamar isto de “material perturbador” e informar que Frank James estava “abertamente preocupado com raça e violência” – uma descrição que pode ser aplicada a qualquer um que se interesse pelas tensões raciais nos EUA.
Nas
condições normais de temperatura e pressão, essa seria uma baita pauta.
Mas eu, você, a torcida do Flamengo, Roberto Carlos e as baleias
sabemos que esse é um fenômeno que não cabe direito na pseudorrealidade
que a corporação jornalística gosta de apresentar. Nela, negros são
criaturas passivas, vítimas quase eternas que só agora resolveram pedir
cota racial. O racismo é sempre culpa do branco – este, sim, é visto
como um agente moral capaz. Como um ser humano pleno, na verdade. Negros
são vistos como algo menos que isso, mas numa época em que se coloca
bicho acima de gente, essa inferioridade tácita é tida por boa coisa.
Qualquer
ser humano de bem sabe que os negros são tão gente quanto os brancos.
Que, portanto, se um branco é capaz de ser racista, um negro também é –
ainda mais numa sociedade racializada como a dos Estados Unidos, e ainda
mais com a propaganda progressista incitando ódio dos negros aos
brancos.
Precedentes com o terrorismo Antifa
Um dos primeiros a levantar o material extremista de Frank James foi o jornalista Andy Ngo,
uma figurinha carimbada nas celeumas de terrorismo progressista na
América anglófona. Por acaso ele é gay, ateu e filho de imigrantes
vietnamitas. Mas sua especialização na cobertura dos Antifas e BLM faz
com que ele seja tratado como muito conservador e até supremacista
branco. Os Antifas já conseguiram pegá-lo em 2019: socaram-no,
chutaram-no e jogaram na cabeça dele pelo menos um dos seus
“milkshakes”: copos descartáveis cheios de cimento de secagem rápida.
Ficou desacordado e foi parar no hospital com hemorragia interna na
cabeça. Ninguém foi preso e o governo não atende à sua demanda de
considerar os Antifas um grupo terrorista. Eu, você, a torcida do
Flamengo, Roberto Carlos e as baleias sabemos que isso também seria uma
baita pauta.
Se
você botar no Google Andy Ngo e milkshake, o primeiro resultado que
aparecerá tem o título: “Como um troll de direita demonizou os Antifas
para a mídia comum”. O próprio resultado da busca desmente o sucesso de
Ngo perante a mídia; afinal, a matéria da Rolling Stone alega que ele manipulou a imprensa e que os Antifas só jogam milkshakes comuns nas pessoas.
Para encontrar alguma solidariedade, só acrescentando “hemorrhage” na
pesquisa. Aí encontramos – bem abaixo da matéria da Rolling Stone, que
segue no topo – um editorial do Wall Street Journal condenando a violência sofrida por ele.
Falemos
português claro: o establishment progressista – que inclui imprensa,
governos e setores do judiciário – quer que gente como Andy Ngo morra. E
quer isso exatamente porque apoia as ideologias violentas denunciadas
por ele.
O affair Risério na Folha
Este
ano Antônio Risério causou celeuma na Folha por escrever que negros
podem ser racistas, que o identitarismo fomenta o racismo negro, que
negros identitários têm histórico de antissemitismo e agora se voltam
contra orientais, e que a imprensa, ela própria identitária, acoberta
esse racismo. Seguiu-se toda uma polêmica na qual o autor não pôde se
defender. A Folha dizia a Risério que a polêmica estava encerrada e por
isso não publicaria sua resposta intitulada “Sem medo de cara feia”, mas
ao mesmo tempo seguia publicando artigos contra ele. Teve até motim de
jornalistas da Folha, que fizeram um abaixo-assinado contra o fato de o
jornal publicar textos de Risério, Narloch e Magnoli – todos críticos
desse neorracismo.
O
scholar Thiago Amparo, colunista identitário que se investe como negro e
gay oficial da Folha, fez um artigo relatando suas sensações relativas
ao sistema digestivo, em vez de argumentar. Resumiu bem o nível do
debate. Foi todo aquele dramalhão, chantagem emocional, acusação de
racismo etc. E nada de esforço para provar que os exemplos apontados por
Risério eram falsos. Mas o pior é que, mesmo que admitisse serem todos
verdadeiros, esse pessoal trabalha com o conceito de racismo estrutural,
que impossibilita chamar tais casos de racismo (porque não são
"estruturais"). A teoria crítica da raça (também conhecida pela sigla em
inglês CRT) não nega a possibilidade factual de um negro antibranco
assassinar um branco. Nega a possibilidade lógica de isso ser
considerado racismo, porque racismo é “relação de poder”, é “estrutural”
etc. No Brasil, o bispo da igrejinha da CRT é Sílvio Almeida, que já critiquei aqui.
Com
esse caso de Frank James, a turma estilo Folha tem, na prática, as
opções: noticiar como "caso raro" de "extremismo" negro (para não falar
"racismo") ou não noticiar. A primeira opção implicaria o debate. O
debate os forçaria a reconhecer publicamente que seu novo conceito de
racismo é feito sob medida para absolver terroristas como Frank James.
Além disso, a exposição de suas postagens mostraria algumas teses
recebidas com naturalidade pela imprensa lacradora, tal como a
condenação de "casamentos inter-raciais". Em terras tupiniquins, temos
visto isso com a expressão “solidão da mulher negra”: as
manas, chatas feito o diabo, não arranjariam marido porque as brancas
estariam levando os negros todos. Assim, os negros têm a obrigação moral
de casar com negras e os recalcitrantes são chamados de "palmiteiros". O UOL tem artigo todo didático explicando o significado do termo, mas eu posso resumir: é o homem que casa ou namora sério com um palmito, ou seja, uma mulher branca.
O
pensamento do terrorista Frank James é pouco distinguível dessa turma
muito boazinha que infesta redações e universidades, que vive apontando o
dedo para os outros, chamando-os de extremistas, fascistas e racistas.
Que falta faz um espelho! Frank James providenciou-o.
Se
a conduta da Folha com Risério não tivesse mostrado sua falta de
seriedade, eu escreveria o seguinte para Thiago Amparo e cada um dos
jornalistas que fizeram um abaixo-assinado contra Risério:
A carta que não mandei para a Folha
Descrições
não têm o poder de alterar o estado de coisas. Se digo que nenhum negro
é capaz de cometer racismo, esta é uma afirmação passível de refutação.
É verdade que há, contra isso, um certo expediente malandro: a
redefinição de termos ao gosto do sofista. Se um indivíduo negro tiver
cometido um crime de ódio racial, o sofista motivado poderá dizer que o
indivíduo não era negro, porque negros não cometem crimes de ódio
racial, ou então que cometer crime de ódio racial não faz de ninguém um
racista.
Assim,
à luz do atentado terrorista no metrô de Nova York perpetrado por Frank
James, quero saber dos senhores qual é a descrição ou explicação do
fato. Primeiro, é patente que o indivíduo tem melanina mais que
suficiente para passar por um tribunal racial brasileiro sem problemas.
Nos Estados Unidos, onde uma gota faz um negro, é impossível negar-lhe a
caracterização de negro. Segundo, sabe-se que Frank James usava as
redes sociais para pedir a morte de todos os branquelos. Pode ser um
não-racista quem deseje a morte de todos os brancos e ponha explosivos
no metrô de uma cidade cheia de brancos?
Que os senhores selecionem, então, uma das opções para esclarecer o público:
A – Frank James é racista e não é negro, apenas tem a pele muito escura.
B
– Frank James é negro e não é racista, pois explodir uns brancos ainda
não altera as relações de poder, e racismo é relação de poder. Força,
Frank! De bomba em bomba, uma hora essas relações mudam!
C
– Frank James é racista e é negro, e nós vamos parar com essa
irresponsabilidade de não chamar coisas perigosas pelo nome certo.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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