MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Atenção, relativistas! Einstein não tem nada a ver com relativismo.

 



Reproduzo aqui um texto publicado neste blog em 2005 a propósito da Teoria da Relatividade, de Einstein. Dentro e fora das universidades, alguns paspalhos atribuem ao grande cientista a ideia de que "tudo é relativo", como se fosse ele o pai do nefasto relativismo que campeia nas ciências humanas. Nada mais distante do pensamento de Einstein.

O autor do artigo é o professor Júlio César Burdzinski (Unijuí-RS), que venceu o Concurso Eureka, promovido então pelo jornal Zero Hora, de Porto Alegre. Trata-se de uma explicação sucinta, clara e objetiva da teoria einsteiniana.

Teoria da Relatividade ou Teoria da Velocidade Absoluta da Luz?

Em primeiro lugar: não, a Teoria da Relatividade de Einstein não diz que TUDO É RELATIVO. A Teoria da Relatividade é uma teoria que diz respeito a certos aspectos físicos do universo, aspectos estes que não são perceptíveis em nossa experiência cotidiana do mundo. Mas o que diz ela exatamente?

Einstein se perguntou o que aconteceria se alguém pudesse igualar a velocidade da luz. Considere um paralelo: imagine que eu me coloque ao lado de uma arma que é disparada e que eu possa de algum modo acelerar na mesma velocidade da bala. Do ponto de vista de um observador fixo, tanto a bala quanto eu estaríamos nos deslocando numa velocidade bastante alta – algo entre 600 e 700 metros por segundo. Em relação a mim mesmo, porém, a bala estaria parada, já que a nossa posição relativa não estaria se alterando.

Mas e se a bala estivesse viajando na velocidade da luz – isto é, a cerca de 300.000 quilômetros por segundo? Mais exatamente: será que a luz, assim como acontece com a bala, também pareceria estática quando igualássemos sua velocidade? Este é o problema que Einstein se colocou. Há um complicador que deve ser acrescentado na situação descrita. Ocorre que a luz é uma onda. E a grande questão é: uma onda DE QUE? As ondas do mar são, claro, ondas de água. As ondas sonoras são ondas de algum meio material, tal como o ar. Mas do que são feitas as ondas de luz?

Durante muito tempo imaginou-se que as ondas de luz fossem ondas de uma substância chamada “éter”, mas essa idéia já havia sido descartada na época de Einstein. A conclusão que então se impôs foi a de que a luz não é o resultado do movimento de alguma substância etérea; ao invés, a luz é a própria onda. Não há luz sem esse movimento e, portanto, não é possível que a luz apareça parada mesmo para quem pudesse igualar a sua velocidade. Melhor ainda: não é possível igualar a velocidade da luz.

A conclusão disto é que a velocidade da luz é completamente independente da velocidade do observador. Mas a velocidade é o resultado de um certo deslocamento num certo tempo. Assim, se a velocidade da luz é constante seja qual for o ponto de vista que assumirmos, então são os outros fatores que devem mudar para observadores em diferentes velocidades. E é isso mesmo que acontece. Daí algumas das consequências mais curiosas e conhecidas da Teoria da Relatividade, tais como as de que, em altíssimas velocidades, o tempo passa (de fato) mais vagarosamente e os objetos (de fato) encolhem.

Assim, o que diz a Teoria da Relatividade é que o Tempo e o Espaço – tomados como absolutos pela física newtoniana – são relativos e variam um em relação ao outro. Mas, por outro lado, ela coloca a velocidade da luz como invariável e, neste sentido, a Teoria da Relatividade é uma Teoria do Absoluto: o absoluto da velocidade da luz.
 
BLOG  ORLANDO  TAMBOSI

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