Reproduzo aqui um texto publicado neste blog em 2005 a propósito da Teoria da Relatividade, de Einstein. Dentro e fora das universidades, alguns paspalhos atribuem ao grande cientista a ideia de que "tudo é relativo", como se fosse ele o pai do nefasto relativismo que campeia nas ciências humanas. Nada mais distante do pensamento de Einstein.
O
autor do artigo é o professor Júlio César Burdzinski (Unijuí-RS), que
venceu o Concurso Eureka, promovido então pelo jornal Zero Hora, de
Porto Alegre. Trata-se de uma explicação sucinta, clara e objetiva da
teoria einsteiniana.
Teoria da Relatividade ou Teoria da Velocidade Absoluta da Luz?
Em
primeiro lugar: não, a Teoria da Relatividade de Einstein não diz que
TUDO É RELATIVO. A Teoria da Relatividade é uma teoria que diz respeito a
certos aspectos físicos do universo, aspectos estes que não são
perceptíveis em nossa experiência cotidiana do mundo. Mas o que diz ela
exatamente?
Einstein
se perguntou o que aconteceria se alguém pudesse igualar a velocidade
da luz. Considere um paralelo: imagine que eu me coloque ao lado de uma
arma que é disparada e que eu possa de algum modo acelerar na mesma
velocidade da bala. Do ponto de vista de um observador fixo, tanto a
bala quanto eu estaríamos nos deslocando numa velocidade bastante alta –
algo entre 600 e 700 metros por segundo. Em relação a mim mesmo, porém,
a bala estaria parada, já que a nossa posição relativa não estaria se
alterando.
Mas
e se a bala estivesse viajando na velocidade da luz – isto é, a cerca
de 300.000 quilômetros por segundo? Mais exatamente: será que a luz,
assim como acontece com a bala, também pareceria estática quando
igualássemos sua velocidade? Este é o problema que Einstein se colocou.
Há um complicador que deve ser acrescentado na situação descrita. Ocorre
que a luz é uma onda. E a grande questão é: uma onda DE QUE? As ondas
do mar são, claro, ondas de água. As ondas sonoras são ondas de algum
meio material, tal como o ar. Mas do que são feitas as ondas de luz?
Durante
muito tempo imaginou-se que as ondas de luz fossem ondas de uma
substância chamada “éter”, mas essa idéia já havia sido descartada na
época de Einstein. A conclusão que então se impôs foi a de que a luz não
é o resultado do movimento de alguma substância etérea; ao invés, a luz
é a própria onda. Não há luz sem esse movimento e, portanto, não é
possível que a luz apareça parada mesmo para quem pudesse igualar a sua
velocidade. Melhor ainda: não é possível igualar a velocidade da luz.
A
conclusão disto é que a velocidade da luz é completamente independente
da velocidade do observador. Mas a velocidade é o resultado de um certo
deslocamento num certo tempo. Assim, se a velocidade da luz é constante
seja qual for o ponto de vista que assumirmos, então são os outros
fatores que devem mudar para observadores em diferentes velocidades. E é
isso mesmo que acontece. Daí algumas das consequências mais curiosas e
conhecidas da Teoria da Relatividade, tais como as de que, em altíssimas
velocidades, o tempo passa (de fato) mais vagarosamente e os objetos
(de fato) encolhem.
Assim,
o que diz a Teoria da Relatividade é que o Tempo e o Espaço – tomados
como absolutos pela física newtoniana – são relativos e variam um em
relação ao outro. Mas, por outro lado, ela coloca a velocidade da luz
como invariável e, neste sentido, a Teoria da Relatividade é uma Teoria
do Absoluto: o absoluto da velocidade da luz.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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