
Um
relatório interno sobre a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), elaborado em
novembro do ano passado na Agência Nacional de Transportes Terrestres
(ANTT) conclui que a VLI, concessionária desde 1996 da estrada férrea
que corta a Bahia e mais cinco estados brasileiros, causa “claro
prejuízo à coisa pública” ao investir recursos apenas no um terço de
trilhos em que visa lucro, e abandonar o restante. De
acordo com o documento, no ano de 2019, a FCA concentrou 90% da sua
operação em apenas 2.341 km dos 7.094 km totais da ferrovia e vem
diminuindo a cada ano a quantidade de clientes regulares. Essa ação
mostra uma estratégia de maximizar os lucros da concessionária, no que
seria uma distorção do conceito de serviço público, segundo o
relatório. Dos produtos transportados no referido ano, 55% são do setor
agrícola, 22% da indústria siderúrgica e 17% apenas em minério de
ferro. As linhas trafegadas estão nos estados de Goiás, São Paulo e
Minas Gerais. Os valores transportados na ferrovia passaram de R$ 19,6
bilhões em 2020. Os outros
4.753 km que não interessam à VLI estariam com manutenção inadequada ou
inexistente, sendo as ações insuficientes para impedir a degradação pelo
tempo e tráfego, assim como tendo poucos esforços de preservação do
patrimônio público. Esses trechos incluem toda a malha na Bahia, toda a
do Rio de Janeiro e alguns trechos em Minas, São Paulo e Goiás. Conforme
o relatório, apesar de demonstrar não ter interesse nos trechos, a
concessionária também não os devolve à União. O
relatório aponta ainda que a média de acidentes relativos à malha da
FCA é superior ao de outras concessões. Também foi constatado, ao longo
dos anos, um aumento nas manutenções corretivas em vagões e locomotivas e
diminuição das manutenções preventivas, “o que reforça o fato de que a
concessionária se concentra em investir recursos apenas onde vislumbra
um retorno destes“. Para o
presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Antonio
Carlos Tramm, “essa é uma questão importante não apenas para a
mineração, mas também para o agronegócio, para a fruticultura e para a
indústria química. Precisamos lutar para que a Bahia tenha uma rede
ferroviária de verdade, modernizada, eficiente e digna dos enormes
avanços econômicos que o estado apresentou nos últimos 20 anos”, diz. A
VLI está buscando a renovação antecipada, por mais 30 anos, da outorga
para operação da ferrovia. Foi promovida uma audiência pública sobre o
assunto no início de fevereiro pela ANTT. Na ocasião, Tramm já se
posicionava de maneira crítica. “A pergunta que precisa ser respondida
é: o que a VLI deixou de fazer pelo desenvolvimento da Bahia e o que ela
pretende fazer para compensar todos esses anos de inação. No Porto de
Aratu, por exemplo, a VLI não só tirou os trilhos como também os
dormentes do ramal ferroviário”, disse o presidente da CBPM durante sua
fala na audiência. --- Assessoria de comunicação - Ascom Companhia Baiana de Pesquisa Mineral - CBPM E-mail: ascom@cbpm.ba.gov.br Site: www.cbpm.ba.gov.br Telefone: +55 (71) 3115-7513 |
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