Bernardo Mello Franco
O Globo
Jair Bolsonaro atuou em causa própria ao editar a medida provisória que dificulta a remoção de fake news e discurso de ódio postados nas redes sociais. Em julho, o YouTube apagou vídeos em que o presidente fazia campanha contra o uso de máscaras e defendia a adoção da cloroquina contra a Covid.
A plataforma afirmou que os vídeos violavam suas políticas para frear a desinformação na pandemia. Se a MP já estivesse em vigor, as mentiras de Bolsonaro continuariam no ar.
GABINETE DO ÓDIO – A canetada também protege o chamado gabinete do ódio, que abastece canais governistas com propaganda contra as instituições democráticas.
A internet não é uma terra sem lei. Pelas regras do Marco Civil, as redes sociais podem apagar publicações que causam riscos e infringem seus termos de uso.
Nesta segunda-feira, a Secretaria de Comunicação Social afirmou que a medida provisória protege a “liberdade de expressão” e reforça “direitos e garantias dos usuários da rede”. Na verdade, o que Bolsonaro reforçou foi a blindagem das milícias digitais. Se não for derrubada, a MP servirá como um salvo-conduto para mentir e difamar nas redes. Agora e na campanha de 2022.
AMEAÇAS A MORAES – O deputado Otoni de Paula (PSC-RJ) usou a manifestação de 7 de Setembro no Rio para fazer novas ameaças ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Do alto de um trio elétrico no Posto Cinco, em Copacabana, o bolsonarista chamou o ministro de “canalha” e disse que pretende retirá-lo da Corte.
— Nós não vamos parar enquanto não tirarmos aquele canalha do STF. Alexandre de Moraes, você não é Deus! Ministro Alexandre de Moraes, acabou para você! — disse o deputado, aos gritos.
PODEM VIR QUENTE – Dublê de deputado e pastor evangélico, Otoni de Paula também desafiou os outros integrantes do Supremo. “Ministros do STF: podem vir quente que o Brasil está fervendo” — provocou.
Em agosto, Otoni foi alvo de buscas da Polícia Federal autorizadas por Moraes. Ele é investigado no inquérito que apura a organização de atos antidemocráticos.
No ato desta terça, o deputado usava uma camiseta com os nomes dos bolsonaristas Roberto Jefferson e Daniel Silveira, ambos presos por ordem do STF. Otoni já foi condenado a pagar R$ 70 mil por outros ataques a Alexandre de Moraes.
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